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Morreu no dia em que o marido ia ser sepultado

Casados há mais de cinquenta anos, Silvestre e Celeste Godinho não quebraram a promessa de ficar unidos na vida e na morte.

As juras de amor eterno que Silvestre e Celeste Godinho, um casal de Tomar, fizeram há mais de cinquenta anos concretizaram-se até à hora da sua morte. O caso está a emocionar quem conhece de perto a história, não tivesse acontecido uma semana antes do São Valentim. Silvestre Godinho, 85 anos, morreu na madrugada de 6 de Fevereiro, cerca das 02h00, no Hospital de Tomar. A esposa Celeste Godinho, de 89 anos, faleceu no dia seguinte, pelas 13h55, uma hora antes do funeral do marido. Apesar de debilitada, não estava doente, pelo que muitos acreditam que não tenha sobrevivido ao desgosto de ter perdido o companheiro de uma vida. “Ela dizia-me muitas vezes: o meu marido morre-me, morre-me o meu anjo da guarda”, recorda Maria Freitas, 83 anos, vizinha e amiga do casal que, em dois dias, ficou sem os vizinhos da frente. Era o homem que cuidava da esposa, que tinha sido operada à coluna e já se deslocava em cadeira de rodas. “Eram muito amigos mas os anos também contam. Agora ele morrer num dia e ela no outro é caso raro”, afirma a vizinha.O casal tinha um filho residente em Alcanena mas que vinha visitar os pais muitas vezes a Tomar. “Agradeço a todos os que me acompanharam nestes momentos difíceis, que foi o falecimento dos meus queridos pais e que, por fim, os acompanharam à sua última morada onde ficaram os dois a descansar em paz”, escreveu Dinis Godinho no anúncio de necrologia, onde sobressaía a foto do casal e as datas do óbito. Silvestre Lopes Godinho tinha sido operado ao coração há cerca de um mês e, nos últimos tempos, andava a queixar-se que não se andava a sentir bem. Na madrugada de quinta-feira, 6 de Fevereiro, deitada na cama a seu lado, a esposa Celeste sentiu que algo não estava bem com o marido. Pediu ajuda ao filho que estava a dormir no andar de cima. Chamado o INEM, já nada havia a fazer. A idosa, que iria completar 90 anos em Abril, sentiu-se mal e vomitou bastante, tendo que ser transportada para o Hospital de Tomar no dia em que o marido morreu. Teve alta mas já não foi ao velório. No dia seguinte, depois do almoço, disse às vizinhas que ali estavam para a confortar que ia para o quarto descansar. No mesmo local onde o marido se sentiu mal, acabou por fechar os olhos para sempre. Celeste já não foi ao funeral do marido. O casal foi sepultado na mesma campa.

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