Museu do Azeite em Fátima mostra como se trabalhava num lagar antigamente
Crise empurra cada vez mais pessoas para a apanha da azeitona, asseveram os olivicutores
O regresso crescente das pessoas à agricultura e o renascer das tradições rurais foram duas das ideias vincadas durante a inauguração do “Museu do Azeite de Fátima”, instalado na sede da Cooperativa de Olivicultores de Fátima. A cerimónia decorreu na tarde de sábado, 15 de Março, e contou com a presença de uma centena de pessoas, entre autarcas, convidados e associados da cooperativa. “Devido à crise, há cada vez mais pessoas que se oferecem para a apanha da azeitona, porque é mais uma hipótese de fazerem o seu pé de meia”, atesta José Augusto Silva, 60 anos, olivicultor de Torres Novas que, a par de Eduardo Marques, 83 anos, olivicultor de Fátima, foi um dos rostos da cerimónia. “Antigamente era tudo mais difícil, em máquinas com prensas, mas o progresso também foi bom porque agora permite-nos produzir muito mais azeite”, disse este último.Integram o Museu do Azeite de Fátima todas as máquinas do primeiro lagar, que funcionou no espaço original da Cooperativa de Olivicultores de Fátima, criada em 1951. No espaço podem ser vistos equipamentos antigos ligados à produção do azeite, desde o lagar onde era moída a azeitona, à batedeira que aquecia a massa da azeitona, passando pelas seiras, onde se coloca a massa da azeitona para espremer. “Queremos com este espaço simbolizar toda a história relacionada com o azeite que existe na nossa terra que, antes do progresso, era um dos principais rendimentos da agricultura de subsistência que tínhamos”, referiu Pedro Gil, presidente da cooperativa. O lagar transformado em museu, acrescentou, simboliza as dezenas de lagares que, por motivos vários, foram fechando. “Queremos que o azeite também seja uma marca cultural de Fátima”, disse, não esquecendo que o espaço pode vir a ser visitado pelos cinco milhões de turistas que, anualmente, visitam o Santuário.O espaço inclui ainda uma área de promoção dos produtos da cooperativa e de outros produtos rurais, como o mel, os queijos ou vinho, sendo possível ver um pequeno filme que mostra a azeitona desde o estado verde ao maduro, a apanha, a entrega no lagar, a limpeza e a transformação em azeite. O presidente da Câmara de Ourém, Paulo Fonseca (PS) saudou a iniciativa da cooperativa pelo trabalho de promoção e dignificação de tudo o que tem a ver com a produção do azeite. Na cerimónia também esteve presente o autarca de Torres Novas, Pedro Ferreira (PS), uma vez que a cooperativa integra bastantes olivicutores desse concelho vizinho.Com cerca de 900 associados, a Cooperativa de Olivicultores de Fátima laborou na última campanha cinco milhões de quilos de azeitona que corresponderam a 650 mil litros de azeite, afirmou Pedro Gil. “A apanha da azeitona é uma actividade com muita tradição em Fátima e arredores”.
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