uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Corações batendo a compasso

Corações batendo a compasso

O salão estava cheio de pares que rodopiavam ao ritmo de tangos e boleros mas mal davam uns pelos outros, tão enlevados estavam no seu namoro. Os olhos deles embevecidos, presos nos olhos dela, o corpo dela entregue, abandonado nos braços dele e os corações de ambos batendo a compasso, assim passaram juntos a tarde de domingo na matiné dançante da Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense, esquecidos do mundo e saboreando o luxo de viver o momento, apenas, numa cumplicidade de velhos apaixonados. Moviam-se como se fossem um só, sem hesitações nem passos em falso, revelando uma prática de muitos, muitos anos. Ele sussurrava-lhe coisas lindas ao ouvido e ela sorria, encantada, enquanto rodavam pelo salão numa dança sem fim. Ela estava linda com o seu vestido vaporoso que esvoaçava a cada rodopio e a fazia sentir menina outra vez, aninhada nos braços do seu rapaz de cabelo cor de prata, tão cintilante como o anel de fantasia que lhe adornava um dedo da mão que se apoiava no ombro dele enquanto voavam pelo salão. Ele fingia que a guiava mas secretamente deixava-se ir, no embalo daquele encanto que o levava de memória em memória por outros tempos, outras músicas para uma mesma paixão ainda intacta, inalterável, eterna. Assim dançaram e dançaram e dançaram… e muito provavelmente nunca foram tão felizes como naquela tarde de domingo. Rui Vasco Neto
Corações batendo a compasso

Mais Notícias

    A carregar...