Poder local democrático tem feito “obra notável” para cumprir Abril
Sessão solene do dia da liberdade em Vila Franca de Xira com cravos e apelos
Se Portugal é hoje um país mais desenvolvido, plural, democrático e socialmente equilibrado, ao trabalho das autarquias locais deve agradecer. Esta foi uma das ideias chave a marcar o tom dos discursos em Vila Franca de Xira no dia em que se cumpriu mais uma sessão solene de comemoração do 25 de Abril, dia da liberdade.
Alberto Mesquita (PS), presidente do município, lembrou que foi no pós-revolução que as câmaras municipais tiveram o seu papel mais preponderante. “É de salientar a obra notável dos municípios na construção das infraestruturas de que o país muito carecia, como as redes de electricidade, saneamento, água, higiene pública e rede viária. Competências que entretanto, ao longo dos anos, se têm ampliado, estando hoje directamente empenhadas nas áreas do desporto, educação, promoção turística e economia local”, exemplificou.
O autarca voltou a elogiar uma revolução que acabou com um regime responsável por um país atrasado e subdesenvolvido, “que desprezou a condição da pessoa humana” criando uma guerra colonial que “sacrificou” os jovens da nação.
Também João Quítalo, presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, elogiou o “enorme progresso das freguesias” do concelho, conseguido à custa dos munícipes mas também de gerações de autarcas que se empenharam na resolução dos problemas das freguesias.
Filomena Rodrigues, do CDS-PP, lembrou o “golpe de Estado” de 1974 que tinha por objectivo “a restituição das liberdades” e lembrou que as autarquias sempre tiveram “uma importância fundamental” para o desenvolvimento das comunidades pela sua proximidade com os eleitores.
A crescente abstenção da população face às decisões políticas foi outra das preocupações partilhadas pelos autarcas das diferentes forças políticas representadas na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira. Rui Rocha, da Coligação Novo Rumo, dedicou o discurso à recém-falecida deputada Odete Silva e homenageou também os militares que acreditaram “numa sociedade de pessoas iguais onde todos partilham acesso ao patamar das oportunidades”. Culpou os políticos pelo alheamento da população e lembrou que a população “já não vive de rótulos e promessas” mas sim de esperança.
Uma das frases bastante aplaudidas do dia coube a Bernardino Lima, da CDU, que defendeu que a palavra esperança deve ser “a semente de melhores dias” que estão para vir. “Os municípios e as freguesias são sempre os primeiros a dizer presente a todas as solicitações. A crise financeira da troika foi terrível, a fome voltou a muitos lares como antigamente”, lamentou.
António Galamba, do PS, notou a “maturidade democrática” da população e defendeu que a constituição de Abril deve ser a “bússola” para encaminhar todas as decisões futuras. O eleito lembrou a necessidade de desmobilizar “visões saudosistas” do antigo regime, lamentou a falta de participação cívica das populações e defendeu serviços públicos com maior respeito pelos cidadãos.
A sessão solene do 25 de Abril em Vila Franca de Xira contou com a actuação do coro do grupo de reformados, pensionistas e idosos da Póvoa de Santa Iria, que interpretou, entre outros temas, a “Grândola Vila Morena” - onde Filomena Rodrigues voltou a não se levantar para a cantar - e houve oferta de cravos na cerimónia, a que assistiram cerca de dezena e meia de populares. No final foi hasteada a bandeira azul de certificação ambiental no barco varino “Liberdade”, propriedade do município.