Sem-abrigo vive há cinco anos junto ao Centro de Saúde de Alverca
Serviços de acção social não conseguem acabar com caso de insalubridade. Homem vive sem condições de higiene e tem um banco de jardim como local habitual de pernoita. Moradores da zona pedem soluções.
Há cinco anos que um homem, natural da Roménia, vive sem quaisquer condições tendo como ponto habitual de estadia um banco de jardim junto ao Centro de Saúde de Alverca. O caso, reconhecem várias entidades, é um problema de saúde pública. O sítio cheira mal porque o homem faz as suas necessidades na rua e quem por ali passa não gosta do que vê.
O sem-abrigo, de cerca de 50 anos, é inofensivo e tem aproveitado um buraco na lei para se manter a viver à margem da sociedade. Isto porque os serviços de acção social da Câmara de Vila Franca de Xira e da Segurança Social já o enviaram para várias instituições e pensões pagas pelo Estado, mas mesmo assim o homem acaba por fugir e voltar a Alverca. Quando a fuga acontece a polícia apanha-o, envia-o novamente para uma instituição e o cenário repete-se, num jogo do gato e do rato que dura há anos.
Por não ser portador de qualquer doença psíquica não pode ser institucionalizado “à força” em regime fechado e controlado e este tem recusado a mudança para outro local. Os serviços sociais lamentam não poder obrigá-lo a sair de onde está. O homem tem recusado dialogar com as técnicas e, por não haver lei que o obrigue a sair do local, o problema tem-se arrastado ao longo dos anos, para desespero dos moradores da zona e utentes do centro de saúde. Há quatro anos o local estava tão sujo que, por indicação da delegada de saúde, os poucos pertences do homem foram destruídos e todo o local foi limpo e desinfectado. Mas está novamente numa imundície.
O cidadão romeno trabalhava numa empresa de paletes e acabou na rua depois de ser despedido. Vivia em A-dos-Potes, Alverca, até ficar junto ao centro de saúde. A embaixada da Roménia chegou a ser contactada pela câmara mas também essa entidade não conseguiu arranjar qualquer solução para o homem, que vive da caridade e de comida que lhe dão ocasionalmente nos restaurantes.
O estado em que se encontra a zona “mete nojo”, segundo quem vive no local. “É impensável, no século em que vivemos, que nenhuma entidade tire daqui o homem. Obviamente não gostamos de viver aqui e ver alguém naquele estado, mas era sobretudo por ele que alguém devia fazer alguma coisa”, lamenta Odete Oliveira, moradora a O MIRANTE.
O nosso jornal tentou chegar à fala com o homem, mas este recusou qualquer contacto. No centro de saúde o problema é conhecido. “Não tenho dúvidas que está ali um problema de saúde pública. Há dias em que o cheiro sente-se aqui nos gabinetes porque entra pelas janelas”, lamenta um médico daquela unidade.
A esperança dos moradores é que o município volte a efectuar diligências com vista à resolução do problema. “Ao menos que limpem aquela zona ou arranquem os bancos porque com aquele cheiro a urina ninguém se senta nem ali nem no banco ao lado”, defende Rui Lopes, comerciante da zona.