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Comer bem e dormir melhor é o segredo para ganhar títulos aos 81 anos

Comer bem e dormir melhor é o segredo para ganhar títulos aos 81 anos

Elvino Cruz é um atleta sem medo da idade que é incapaz de se render ao sofá. Os amigos chamam-lhe louco mas Elvino Cruz não liga. É um apaixonado pelo atletismo e mesmo com 81 anos continua a somar títulos e a bater recordes como se fosse ainda um jovem. O atleta natural de Azinhaga, Golegã, sagrou-se campeão nacional de pentatlo no escalão de veteranos. O segredo para tanta vitalidade é comer bem e beber ainda melhor.

Elvino Cruz, um ribatejano de Azinhaga (Golegã), é um atleta incapaz de estar parado e gozar a reforma sentado no sofá, como fazem muitos dos amigos da sua idade. Apesar dos seus 81 anos, tem a vitalidade de um jovem, a chamada “mente sã em corpo são”, e não duvida que a prática regular de desporto lhe tem proporcionado uma velhice sem igual.
Há quinze dias, na Póvoa do Varzim, sagrou-se campeão nacional de pentatlo (prova combinada de atletismo composta por cinco modalidades - salto em comprimento, lançamento do dardo, 200 metros de corrida, lançamento do disco e 1500 metros de corrida), um título a somar a tantos outros que tem alcançado vestindo a camisola do clube que ainda hoje representa, o Belenenses.
São mais de meio milhar de troféus que exibe com orgulho na sua sala. Elvino Cruz nasceu na Azinhaga, terra de José Saramago, mas vive às portas de Lisboa, em Bucelas, concelho de Loures. A filha trabalha na Azinhaga e por isso tenta regressar ao Ribatejo com frequência. “É a minha região, não consigo estar longe. Ainda não fui ao passeio ribeirinho de Vila Franca de Xira mas é uma das obras que admiro, é um luxo, são poucos os concelhos que apostam numa coisa daquelas”, conta a O MIRANTE.
Elvino participa praticamente todos os fins-de-semana em provas por todo o país. As deslocações e as refeições são pagas pelo clube. Quem pensa que Elvino não tem adversários que se desengane: há provas em que a competição entre os veteranos é aguerrida e há provas em que a competição é decidida nos pormenores. Na última prova enfrentou seis adversários.
O segredo para tanta vitalidade, confessa, é comer e beber bem. Não prescinde de um pequeno-almoço “todos os dias às 8h00” e de um almoço bem regado com um tinto ribatejano. Também petisca um queijinho com pão ao lanche “quando calha” mas diz que tudo tem de ser com moderação. “À noite é só uma torrada com chá e um iogurte ao deitar. Gosto de me sentir saudável e preparo-me muito para as provas”, conta-nos.
Todas as terças e quintas-feiras sai para treinar na eira de um amigo, em Bucelas. “Não me vejo a ficar no sofá a ver a vida a passar, não tenho vontade para isso. Os meus amigos dizem a brincar que ganho por não ter adversários mas isso não é verdade, há sempre uma grande competição entre todos”, refere.
Elvino começou a praticar desporto já tarde na vida, aos 57 anos, a convite de uns amigos. Foi funcionário dos Telefones de Lisboa e Porto (TLP), mais tarde Portugal Telecom. Integrou a equipa de atletismo da PT mas a ameaça de um enfarte obrigou-o a mudar para outras modalidades. Hoje ainda corre mas com mais cuidado e sempre acompanhado de monitorização do cardiologista.

Lares são depósitos de velhos
“Tenho medo da velhice. Tenho medo de um dia me dar alguma coisa e andar aí aos caídos a precisar de ajuda. Até me custa falar na palavra lar. Os lares são depósitos de velhos. Tenho medo de parar, medo que tratem mal a gente se um dia tivermos de ir para um desses lares. Sítios onde os velhos berram um pouco e levam logo com 3 ou 4 comprimidos para dormir. Quero continuar a correr até me faltarem as forças”, conta a O MIRANTE.
Elvino Cruz é benfiquista e ainda vestiu a camisola do clube da águia em provas durante alguns meses, até ser convidado por um amigo para ir para o Belenenses. “Estou lá há dois anos e estou bastante satisfeito. Fui campeão várias vezes no peso, disco, dardo e martelo. Já fui campeão em Leiria e Pombal, onde bati o recorde do peso e do martelão. E ganhei o grande prémio em Lousada e na Póvoa de Varzim com 1750 pontos. Os jovens quando me encontram nas provas chamam-me avô e eu fico a rir”, revela.
O veterano atleta diz ficar revoltado com a passividade dos mais velhos relativamente à prática desportiva. “As pessoas são conformistas, não se querem mexer nem chatear. Mas deviam fazê-lo, estamos numa região com muitos equipamentos onde se pode praticar desporto”, conclui.

Comer bem e dormir melhor é o segredo para ganhar títulos aos 81 anos

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