Kikas ajuda criança que precisa de cadeira de rodas
Empresária do Vale de Santarém apela a que outros colegas também ajudem crianças como ela já faz com seis
A situação de Toni Costa Pinto, que sofre de Distrofia Muscular de Duchenne, e a vida difícil que leva a mãe desta criança de oito anos, sensibilizaram a proprietária do bar La Siesta, no Vale de Santarém, Maria da Costa António, conhecida por Kikas. Na sexta-feira à noite, 6 de Maio, durante o funcionamento do bar, colaboradores do bar, fornecedores e clientes uniram-se numa onda de solidariedade e conseguiu-se angariar 3380 euros para a cadeira de rodas adaptada, que custa cerca de 11 mil euros. Até agora a mãe do menino, Susana Costa, só tinha conseguido cerca de 300 euros em peditórios no norte do país.
Kikas não ficou indiferente à complicada vida de Susana que teve de deixar de trabalhar para cuidar do Toni e da filha, de 18 anos, que sofre de uma paralisia cerebral que afecta mais de 60 por cento do cérebro. Esta mãe teve de deixar de trabalhar para passar a cuidar dos filhos, levá-los às clínicas, à fisioterapia, levar e ir buscar Toni à escola. Tem de dar banho aos dois, porque a única coisa que ambos fazem bem é comer. Susana vive com 270 euros de Rendimento Social de Inserção e recebe mais 137 euros de abono de cada um dos descendentes, contando ainda com a ajuda do pai e de vizinhos.
Susana Costa conta que começou a notar comportamentos estranhos no filho aos três anos, quando começou a ter dificuldade em subir os degraus para o primeiro andar do apartamento onde vive a família, num prédio sem elevador. Em Janeiro deste ano Toni deixou de andar. Agora a vida desta mãe é sobreviver e ter esperança. Levanta-se às seis da manhã para vestir os filhos e anda numa roda-viva durante o dia em tratamentos e clínicas. Conta que depende da disposição deles, se querem sair, se querem fazer alguma brincadeira…
A mãe de Toni, que esteve no bar com o filho na sexta-feira, durante a recolha de donativos, aguarda por um apoio da Segurança Social que não sabe quando vai chegar. E emocionou-se com a solidariedade dos colaboradores do bar, que depositaram dinheiro num chapéu segurado por Toni, e de clientes, como um que deu 80 euros em troca de um casaco com o nome do bar. “Agora vivo um dia de cada vez”, refere Susana, que começa também a ficar angustiada com o facto de estar sozinha com os filhos e de Toni estar a crescer e um dia destes não ter forças para o movimentar, não podendo contar com o pai que já tem 62 anos. “Abdiquei de tudo o que mais gostava de fazer. Tenho saudades de trabalhar”, desabafa a mãe que trabalhava na área da restauração.
Toni é mais uma das crianças apoiadas pela empresária, que lamenta o facto dos seus colegas de outros estabelecimentos de diversão nocturna não terem também estes gestos de solidariedade. “Se fizessem uma iniciativa por ano pelo menos era mais uma criança apoiada”, sublinha. Neste momento Kikas apoia seis crianças, a quem garante, por exemplo, a medicação e outras necessidades.
“Não consigo dizer não. Tenho um coração mole mas não consigo satisfazer todos os pedidos que me chegam”, refere Maria da Costa António, sublinhando que todos ou meses e às vezes todas as semanas lhe chegam pedidos de ajuda. A dona do bar La Siesta revela que o seu sonho sempre foi abrir um lar para crianças deficientes. Como ainda não o conseguiu diz que vai conseguindo realizar alguns sonhos a crianças que precisam de ajuda.
Susana Costa tem uma conta de solidariedade para quem quiser ajudar, com o NIB: 007900004965741310157. A distrofia muscular de Duchenne não tem cura e quem sofre da doença tem uma esperança de vida curta. A doença aparece nas crianças entre os três e os sete anos. Segundo a Wikipédia “é um distúrbio genético ligado ao cromossoma X, que afecta principalmente indivíduos do sexo masculino. Caracteriza-se pela degeneração progressiva e irreversível da musculatura esquelética, levando a uma fraqueza muscular generalizada”.