Torres Novas-Lisboa
Lisboa está quase como Veneza, a exploração selvagem do turismo de massas acabou com a cidade.
Um amigo de Torres Novas, em animada conversa, confessou-me que quando vai a Lisboa só pensa em se vir embora, regressar à terra. Da última vez foi com a família almoçar a um sítio giro, à beira mar, pagaram muito e comeram mal, obviamente que que se queixa de Lisboa. É bem verdade que Lisboa está quase como Veneza, a exploração selvagem do turismo de massas acabou com a cidade. A alma de Veneza perdeu-se e converteu-se num parque temático tipo Disneylândia invadida por turistas graças aos voos baratos e aos cruzeiros. Lisboa devia abrir os olhos e evitar o mesmo.
Tentei convencer o meu amigo que Lisboa é terra boa, em muita coisa, designadamente para almoçar. Os leitores de
O MIRANTE também merecem saber, até porque o Cata Vento, restaurante de que vos vou falar, exige um passeio à beira rio, o nosso Tejo. Em Lisboa vá até à beira rio e na marginal, em direção a Cascais, aprecie a paisagem inolvidável. O Tejo é sempre bonito, do forte de S. Julião da Barra para lá diz-se que já é mar. Vai passar por bonitas praias, há alguns estacionamentos bem a jeito se lhe apetecer parar para melhor apreciar. Quando passar o Estoril, com o Casino à direita e o Monte Estoril, depois da nova rotunda empedrada, vai-se deparar com a baía de Cascais. Aprecie porque não vai lá chegar, no fim dessa descida vai encontrar o Pão de Açúcar, nos semáforos corte à direita em direção ao Pai do Vento, sobe. Anda três ou quatro centenas de metros e à direita vê a placa Pai do Vento, logo que vira chegou ao destino, ao Cata Vento.
Uma excelente alternativa é ir até ao Cais do Sodré e viajar de comboio até Cascais, a última estação da linha. Verá que só esta viagem vale muito a pena e que, afinal, Lisboa é terra boa. Da estação de Cascais ao Cata Vento vai-se a pé, é a subir e um táxi são muito poucos euros. O Sr. Soares podia ter o seu restaurante em qualquer das nossas terras, vai sentir-se em casa. Tudo simples e asseado como deve ser, a simpatia como se lá fosse todos os dias e a ementa justa e perfeita. Diversificada, para todos os gostos, e a bom preço. Como há sempre uma grande mulher por detrás, aqui é a Madalena, a mulher do Sr Soares que orienta o balcão. O vinho não fica atrás, como tem de ser, se tiver dúvidas o Sr Soares sabe. Muitos dos peixes são os pescadores que o trazem. Escolha o que mais gostar mas sou obrigado a falar-lhe no Camarão à Soares, de comer e chorar por mais, acompanhado com umas batatas fritas às rodelas daquelas que supomos já não existirem. As carnes são diversas e acompanham a mesma qualidade, dizem.
Depois de satisfeito o regresso é muito fácil: no cruzamento que o trouxe ao restaurante volte agora à direita e está praticamente na A5; 10 minutos depois está em Lisboa. Em qualquer terra, para comer bem e a preço justo, dirija-se a uma pessoa local e pergunte onde é que ela iria se fosse almoçar.
Carlos Cupeto – Universidade de Évora