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25 de Abril sempre e milagres ainda mais

Vigilante Manuel Serra d’Aire

Concordo que os autarcas das assembleias municipais recebam senhas de presença nas sessões comemorativas do 25 de Abril. A democracia tem custos e um deles é o de termos de pagar aos democratas eleitos para cumprirem as suas funções. Nem que seja ler o jornal ou a passar pelas brasas na Assembleia da República ou numa qualquer assembleia municipal. Aliás, custa-me é a acreditar que aqueles voluntariosos defensores da democracia não caiam num sono profundo colectivo atendendo ao interesse de muitos dos pontos em discussão e às intervenções que por lá se vão ouvindo. Já a minha avó me dizia: Andas com insónias? Vai a uma assembleia municipal! É tiro e queda! E então a da Golegã, onde liam a correspondência e a acta da reunião anterior logo no início (espero que se mantenha essa patusca tradição), era a certeza de umas horas bem dormidas. Melhor do que Valium ou que um garrafão de 5 litros de chá de camomila, garanto-te!

Parece que na semana passada houve um novo milagre do sol, desta vez em Ourém, durante umas solenidades religiosas dedicadas a Nossa Senhora. A notícia não era muito conclusiva, mas deu para perceber que os fiéis estavam impressionados com o fenómeno, que por acaso ocorreu num dia em que o sol até andou escondido. Mas isso sou eu já a meter areia na engrenagem só para embirrar. Até porque, realmente, passou-se algo de anormal, para não dizer de sobrenatural.
Eu até dou de barato que o sol pode ter aumentado de tamanho e ficado mais brilhante, pode ter bailado ou dançado zumba ou mesmo ter ficado cor de burro quando foge, que isso não me espanta muito, tendo em conta que por aquelas bandas já é habitual o astro rei ter comportamentos estranhos há pelo menos um século, segundo rezam as crónicas. Agora que não tenha havido um “tuga”, um que fosse, que não fizesse um vídeo ou uma selfie do momento e não publicasse nas redes sociais é que, para mim, é um verdadeiro milagre.
Ainda na semana passada saiu outra notícia, dessa vez apenas no bombástico Correio da Manhã, onde se relatava que um homem de 80 anos era suspeito de ter violado repetidamente algumas cadelas em Santarém. Ora aqui está outro caso que me deixa intrigado e, ao mesmo tempo, apreensivo. Quem é que pode garantir que foi violação e não sexo com mútuo consentimento? Quem é que apresentou queixa e como? As cadelas eram menores ou maiores? O idoso ficou proibido pelas autoridades de se aproximar de exemplares da raça canina? E de outros animais, nomeadamente ovelhas e galinhas?
São dúvidas e mais dúvidas que a notícia não esclarece cabalmente e que importava deslindar, pois o sexo com animais é uma história com barbas no já longo trajecto da humanidade. Eu, por exemplo, adoro comer lagostas e santolas e gostava de saber se não posso ser denunciado pelo justiceiro Correio da Manhã como um perigoso predador (eles adoram essa palavra) de indefesas criaturas. E, já agora, se não poderei ser considerado pedófilo por adorar papar petingas e jaquinzinhos?

Repleto de incertezas e angústias me vou. Cumprimentos do
Serafim das Neves

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