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Em Porto de Muge há uma aldeia dentro de uma garagem 

Em Porto de Muge há uma aldeia dentro de uma garagem 

Reformado entretém-se a trabalhar a madeira e não vende as suas miniaturas. Duas escolas, uma mercearia, um café, um quiosque, uma quinta, várias casas e até o Tejo a passar por baixo da Ponte Rainha D. Amélia. Tudo isso foi recriado, em escala reduzida, na oficina de Fernando Cardoso, graças à habilidade das suas mãos.

Fernando Cardoso, 73 anos, reformado da antiga Sociedade Nacional de Sabões, sempre gostou de trabalhar a madeira. Quando se reformou, aos 60 anos, decidiu abrir uma oficina na garagem da sua casa, em Porto de Muge, Cartaxo, para fazer pequenos trabalhos de carpintaria. Para ocupar o tempo começou a fazer miniaturas em madeira. Tem mais de três centenas de peças feitas por si. “Tinha mais” mas vai oferecendo as peças que depois volta a reproduzir porque tem “pena de ficar sem elas” e porque sente que a sua garagem “fica vazia”, explica.
O artesão inspira-se “naquilo que vai vendo e de que gosta”. Não consegue dizer quanto tempo necessita para elaborar uma peça. “Vai-se fazendo conforme vai havendo vontade, é a vantagem de não ter patrões”. Fernando explica a O MIRANTE que reproduz as peças “a olho” e não à escala. “Fiz o café do Cardoso, onde vou sempre depois de almoço beber o café... Fui fazendo uns rabiscos e já está feito. Muito provavelmente irei oferecê-lo ao proprietário” conta. A primeira peça que fez, e que bastante trabalho lhe deu, foi a Igreja e o Salão Paroquial de Valada.
“A igreja tem muitos pormenores, é toda feita em madeira e o telhado em cartão. Os vidros são feitos com pequenos espelhos e até o pequeno sino toca. Fernando conta que o seu neto, de 20 anos, partilhou uma foto desta igreja feita pelo avô no facebook e teve um comentário onde uma senhora dizia que as flores da igreja real deviam estar tão bem tratadas como as da miniatura, conta a sorrir.
Fernando tem mais de quatro dezenas de peças ligadas à festa brava como cavalos, toiros, cavaleiros e forcados. “Gosto da festa brava porque sou ribatejano e aprecio bastante os forcados, mas sempre me causou alguma impressão o sofrimento do animal”, conta. “Não quero acabar com as toiradas mas deviam fazer qualquer coisa para diminuir o sofrimento e o stress a que o toiro é sujeito”.
Os emblemas de alguns clubes também fazem parte da colecção de Fernando. Na oficina estão expostos os emblemas de Sporting, Benfica, Belenenses e como não podia deixar de ser também o emblema do Ribatejano Futebol Clube Valadense e do Lusitano Futebol Clube Portomugense, que já acabou.
Fernando Cardoso diz que nunca participou em exposições oficiais mas já mostrou as suas peças em eventos do rancho folclórico “As Ceifeiras de Porto de Muge” e teve também algumas peças da sua autoria no pavilhão da freguesia de Valada na Festa do Vinho no Cartaxo.

Em Porto de Muge há uma aldeia dentro de uma garagem 

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