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Árbitro de Riachos tranquilo e motivado para os grandes palcos da primeira liga

Árbitro de Riachos tranquilo e motivado para os grandes palcos da primeira liga

João Mendes foi promovido ao principal campeonato de futebol profissional. Electricista de profissão, João Mendes vai lidar a partir de Agosto com a alta voltagem do futebol profissional como árbitro do primeiro escalão. Diz-se tranquilo com o desafio e ambiciona chegar a internacional. Chegou a ser praticante de atletismo no Sporting, mas teve de abandonar a modalidade por ser impossível conciliá-la com a arbitragem. O Riachense é o seu clube do coração.

É com tranquilidade e muita motivação que João Mendes, natural de Riachos (Torres Novas), encara um dos maiores desafios da sua vida. Com 34 anos e 16 anos na arbitragem vai na próxima época pela primeira vez apitar jogos no escalão máximo do futebol português, sendo o único a representar a Associação de Futebol de Santarém. Consolidar a sua posição e lutar pelo sonho de chegar a internacional são os objectivos.
João Mendes jogou futebol nas camadas jovens do Riachense e praticou atletismo, tendo inclusivamente representado o Sporting, até ser convidado, juntamente com o irmão gémeo, por José Gama Henriques, para tirar um curso de árbitro de futebol. Foi por curiosidade que aceitou, por gostar de futebol, e conciliou o atletismo com a arbitragem até surgirem convites para ser assistente no campeonato nacional. Aí teve de optar pela arbitragem e não está arrependido. “Sinto-me realizado”, confessa.
João Mendes não é homem de temer desafios e diz que não há um campo na região onde seja mais difícil de apitar. “Têm algumas adversidades, seja pelo público ou pelo terreno, mas não considero que haja um campo complicado”, refere. Foi assistente de Luís Rato Silva em jogos do Nacional e apitava também jogos do Distrital, situação que considerou importante para a sua formação. “Eu gosto de vir ao distrital e de cada vez que me nomeiam, nunca recuso, só se não puder”, conta.
O árbitro de Riachos conta nunca ter tido problemas com ninguém em qualquer campo ou ter passado por uma situação mais complicada, seja ela com o público, atletas ou dirigentes. “Tento compreender o lado dos jogadores, dos treinadores, dos dirigentes que andam por carolice”. E reforça: “É preciso valorizar o trabalho deles, se não houver clubes não há árbitros”.
Inicialmente no distrital diz não ter sido fácil lidar com os nomes que lhe chamavam das bancadas mas conta que agora vai lidando com a situação, concentrando-se no jogo, referindo que hoje o sistema audio ajuda mais: “Ouvimos mais os colegas que a assistência” e assegura que não há nada que o tire do sério. “A arbitragem é uma boa bagagem para a nossa vida”, diz.
Para João Mendes um árbitro tem de saber bem as leis de jogo, estudar e treinar muito fisicamente. Para além disso a parte psicológica é importante. É necessário que a cabeça esteja limpa em casa para se poder abstrair e concentrar em campo. Confessa que se errar dorme bem, mas ainda lhe custa a adormecer. “Ninguém gosta de errar e não há árbitro nenhum que erre propositadamente”.
É na família que encontra o seu grande apoio quando as coisas correm menos bem. “Nunca ouvi a minha esposa dizer que estava cansada de eu ser árbitro”. O irmão gémeo também anda na arbitragem e também lhe vai pedindo conselhos e ajuda. “A família é aquele suporte que se não tivermos nunca vamos conseguir chegar longe”, admite.

Riachense é o clube do coração

Foi com muito suor e lágrimas que João Mendes chegou à 1ª Liga. A meio da última época, numas provas de teste físico, sofreu uma lesão que o poderia ter levado a desistir do sonho. Mas João Mendes não desistiu. Chorou, sofreu e conseguiu ultrapassar as provas. Não conseguiu arbitrar o jogo seguinte e preferiu parar para não prejudicar mais a sua condição física e arruinar o resto da época.
A temporada acabou bem e culminou com a subida de categoria. Diz que nunca, nem ele nem os assistentes, tinham pensado muito nisso. Agora na Liga aumenta a pressão e o mediatismo, mas João Mendes não tem receio e sente-se preparado para lidar com a pressão. É simpatizante de um clube que não revela mas garante que o seu clube do coração é o Riachense, que ainda hoje o apoia e lhe cede as instalações para os seus treinos.
Promete ser um árbitro motivado e se na Liga tiver de apitar um jogo do clube com que simpatiza fá-lo-á “com o maior profissionalismo, como farei com qualquer outro clube, como o fiz na semana passada em que apitei o Pego contra o Ferreira Zêzere, um jogo também ele importante e que definia uma subida de divisão”.

Um trabalho de equipa

Para esta entrevista João Mendes fez questão de se fazer acompanhar pelos dois assistentes que com ele colaboraram ao longo da última época, referindo que sem o seu apoio e trabalho não tinha chegado onde chegou. Diz ser importante manter entre os três uma relação baseada na confiança e união pois isso transporta-se para o campo. “Os meus confidentes são os meus assistentes e orgulho-me disso”, refere.
Com apenas 21 anos e na arbitragem há cerca de 3 anos, João Manuel é um colega de equipa amigo e também confidente. Um jovem em quem João Mendes confiou para estar ao seu lado no seu percurso, o que já lhe possibilitou passar por diversos palcos a nível distrital e nacional. “Ele terá de ser sempre uma referência para mim, pois foi com ele e com o Jorge Maia que evoluí muito, não só como árbitro, mas como pessoa”, realça.
Mais experiente, Jorge Maia trabalha há três épocas com João Mendes e destaca as qualidades do árbitro. “É fácil trabalhar com ele, adapta-se a qualquer situação de jogo, a qualquer ambiente e a qualquer assistente”, destaca, dizendo que “tem uma grande margem de progressão e tem uma grande arma com ele, a sua condição física”.

“A vida não pode ser só arbitragem”

João Mendes é electricista de profissão na empresa Rustibalanço e vai contando com o apoio e abertura do seu patrão na sua aventura pela arbitragem, pois não é fácil conciliar ambas as actividades. Não tem vivido só da arbitragem e mesmo na Primeira Liga vai tentar fazer com que isso continue a ser possível. “Espero continuar a conciliar. A vida não pode ser só arbitragem, há mais vida para além disso”, refere.
Por norma diz tirar uma semana de férias para a família, o resto dos dias que tem são para gastar na arbitragem. É por pensar no futuro que diz ser importante manter uma actividade profissional para a qual estudou muito e de que diz gostar, até porque “a arbitragem não dura para sempre”.

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