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Presidente da República

Uma entidade com responsabilidade não se pode dar ao luxo de uma barbaridade destas e, se o faz, as entidades competentes deviam ter agido em conformidade.

O Senhor Presidente da República esteve na Feira Nacional da Agricultura de Santarém e não podia ter estado. Explico já de seguida porquê.
O CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas) não estar ligado à rede de água de abastecimento público é tão absurdo que é difícil escrever alguma coisa sobre o assunto. Não tem ponta por onde se lhe pegue. Não há argumento que possa justificar esta situação. O país investe vastos recursos, pagos por todos nós, em saneamento e uma entidade como o CNEMA permite-se, não imagino com que argumentos, desrespeitar tudo e todos, pôr em risco a saúde pública ao ter a sua própria origem de água. Inacreditável! Já agora, convém indagar o que se passa com os efluentes e saber se as respetivas taxas são pagas. E fazer também uma pergunta muito indiscreta: será que o furo, ou furos, e infraestruturas associadas foram financiados por incentivos nacionais e comunitários?...
Por muitas situações como esta o Estado perde todo o direito moral de agir contra cidadãos que não cumpram a lei. Confesso-vos que não li as notícias publicadas em O MIRANTE sobre o assunto. Nada me importa as causas, as justificações, a história, não perco poucos minutos que sejam com isso, prefiro olhar as nuvens no céu. Vi umas imagens dos bombeiros e de uns baldes e chega-me, triste miséria de Feira Nacional da Agricultura. Este é um perfeito retrato do país que somos. Que mais nos poderá surpreender? Não se trata somente de uma grave ilegalidade, é imoral e desrespeitoso de todos nós. Uma entidade com responsabilidade não se pode dar ao luxo de uma barbaridade destas e, se o faz, as entidades competentes deviam ter agido em conformidade. Na verdade, trata-se de um “país do faz de conta”, caso contrário, a Feira Nacional da Agricultura não teria aberto. Um facto com uma gravidade e consequências incomensuráveis como este talvez despertasse o país para a verdade e autenticidade.
Por sorte, o futebol não vai parar no verão, como quase tudo o resto, e vai-nos distrair e eventualmente animar.
Este é o país que fazemos, por favor não nos queixemos.

Carlos Cupeto – Universidade de Évora

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