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Das caixas de cartão nascem casas em miniatura

Das caixas de cartão nascem casas em miniatura

Maria Fernanda Gonçalves, 56 anos, trabalhadora desde os 14 anos na área da hotelaria, arranjou uma forma de fugir à rotina imposta pelo trabalho que lhe preenche a maior parte do seu tempo e dá vida a caixas de cartão.

Uma caixa de cartão que se transforma numa miniatura dos diversos tipos de casa que espelham o o nosso Portugal . É o que faz Maria Gonçalves, natural de Arruda do Vinhos, mas moradora em Alverca desde tenra idade. Maria faz arte nas horas que lhe sobram do seu dia-a-dia de trabalho obrigatório.
“Sei que não faço isto com tanto detalhe como outras pessoas que depositam o seu tempo neste tipo de arte, mas faço-o com muito gosto e prazer de ver algo a ser criado de onde não existia nada”, confessa como que a explicar de onde lhe vem a inspiração e porque gosta de se sentir inspirada.
Desde criança que tudo o que envolva a arte lhe desperta interesse. No tempo da escola a sua disciplina favorita era a de trabalhos manuais. Nesses tempos a disponibilidade e os recursos eram poucos para optar pelo “mundo” da arte. Os seus pais, depois de anos em Arruda dos Vinhos, decidiram ir para Alverca, cidade que estava em crescimento, para tentarem uma vida melhor. “Recordo a Alverca de tempos antigos, onde o Edifício Europa era uma antiga drogaria e a avenida eram só casas térreas”, conta com nostalgia Fernanda Gonçalves.
De cada vez que Fernanda pega numa caixa de cartão, com destino marcado para o lixo, sabemos que dali vai sair arte na certa. “Vejo, imagino, crio e construo”, diz Maria Fernanda, que demora entre dez a doze horas de volta de uma peça até a dar por terminada, embora aconteça muitas vezes ficar noite fora, até às duas ou três da manhã. Pela madrugada Maria Fernanda diz que as horas do silêncio são mais sentidas e que é possível estabelecer um diálogo ainda mais criativo com as suas peças.
Maria Fernanda utiliza objectos como pérolas que servem para as maçanetas das portas ou rolos de multibanco que são partidos ao meio e pintados para servirem de telhas, tampas de canetas, fósforos, pedras e cortiça e o principal objecto, cartão, que aproveita das caixas que vai buscar ao lixo ou apanha por onde tem conhecimentos.
A artista já se deparou com situações em que não consegue terminar a obra. O último caso é o de um acordeão. Maria Fernanda confessa que ainda não encontrou maneira de substituir o fole por um outro objecto que lhe dê a mesma autenticidade que o verdadeiro acordeão tem. É nestes pormenores que perde algum tempo mas também é com eles que a paciência e a arte se vão apurando. “Porque são como meus filhos: imagino, construo e dou-lhes forma. Só me desprendo de alguma peças quando as faço especialmente para alguém que considero que as merece como lembrança”.
De cada vez que lhe perguntam qual o preço de cada peça, Maria Fernanda Gonçalves responde dizendo que cada peça é um original, que nunca conseguiria repeti-la, e por isso não consegue desfazer-se daquilo que faz parte da sua vida.

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