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Os tristes corta fitas que continuamos a ser

Tenho 65 anos. Sou do tempo em que os políticos de antes do 25 de Abril inauguravam fontanários que eram as grandes obras públicas da altura a nível local. Quando eu era jovem gozávamos à socapa com o corte da fita, o toca a banda, o estalejar do foguetório e o povo a bater palmas.
Agora, passadas décadas gozo à grande com os cortes de fitas ou retirada das bandeiras que cobrem os nomes de ruas, a banda a tocar, o foguetório que de vez em quando continua a haver e as palmas do povo. E tudo serve para inaugurar.
Lembro-me de há meia dúzia de anos, uns tantos presidente de câmara ou de Junta ou coisa que o valha, todos de tesoura na mão a cortar uma fita para inaugurar uma Feira da Agricultura. Foi soberbo. Acho que o presidente fascista Américo Tomás ficaria deliciado com uma coisa assim.
Agora leio uma notícia da inauguração de placas com os nomes de ruas na cidade de Santarém, com os políticos em correria de umas para as outras. Podemos ter mais hospitais, lares de idosos, auto-estradas e escolas mas continuamos a ser aquilo que o Alexandre O’Neil ridicularizava nos anos sessenta do século passado. “País engravatado todo o ano/a assoar-se na gravata por engano”. Pois...a cultura e a educação não podem ser inauguradas...
Fernando Bento Macário

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