Andreia Revez quer mais voluntários nos Bombeiros da Póvoa de Santa Iria
Lider da associação vive na cidade e substituiu Odete Silva que faleceu em Março. O futuro dos Bombeiros da Póvoa continua nas mãos de uma mulher. Andreia Revez está disposta a liderar um mundo predominantemente masculino e nesta conversa com O MIRANTE fala da cidade onde vive, dos desafios da associação que lidera e do concelho.
Os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Santa Iria continuam a ser a única corporação do concelho de Vila Franca de Xira em que a liderança da direcção está nas mãos de uma mulher. Depois de Odete Silva, falecida em Março, que liderou a instituição durante 12 anos, agora é a vez de ser outra mulher, Andreia Revez, a dirigir a corporação.
Diz-se imune a pressões e revela que é preciso muito bom senso e calma para gerir uma corporação. “Nós mulheres temos uma perspectiva diferente dos homens e imprimimos uma dinâmica diferente. Somos mais delicadas a fazer as coisas, temos uma sensibilidade diferente dos homens. Isso influencia a forma como lidamos com as pessoas e as instituições”. Solteira e sem filhos, Andreia explica que é fácil conciliar vida profissional e associativa com a familiar, basta “organizar bem” o seu dia-a-dia.
Três meses depois da morte de Odete Silva a corporação da Póvoa ainda está a acabar de fazer o luto pela partida da dirigente que a retirou de uma complicada crise financeira. “A Odete era uma pessoa importante, uma referência como amiga, pessoa e mulher. O melhor que ela deixou foi uma casa muito organizada e um exemplo extraordinário de gestão. Acho que a cidade reconheceu o trabalho dela. Há um legado e uma vontade grande de honrar a sua memória”, refere.
O actual mandato só termina daqui a ano e meio e Andreia Revez espera continuar. “Sou incapaz de deixar uma casa destas orfã. Quero manter a estabilidade desta casa, melhorar e fazer investimentos se for possível”, conclui.
Cada vez menos voluntários
Actualmente, não apenas nos corpos de bombeiros como na sociedade, é preciso existir mais incentivo ao voluntariado para ultrapassar as crescentes dificuldades de recrutamento. “Temos um grande défice de voluntários, não apenas aqui como noutras associações. A sociedade alterou-se, há cada vez menos gente a querer entrar e menos gente interessada e com vontade”, lamenta Andreia Revez.
No quadro da corporação estão 18 pessoas, sendo que os voluntários são parte fundamental para melhorar o socorro prestado às populações. “É preciso que se faça alguma coisa e não podem ser só os bombeiros a trabalhar nisso. Tem de ser também a Autoridade Nacional de Protecção Civil e as restantes entidades a ajudar”, apela.
Sobre uma recente notícia de O MIRANTE
a dar conta da avaria numa auto-escada daquela corporação a presidente garante que o socorro à população não está em causa e que sempre que é necessário recorre-se a outras corporações do concelho. “Estamos a avaliar orçamentos de reparação que custam à volta dos 20 mil euros”, refere.
Concelho de VFX tem carências por resolver
O concelho de Vila Franca de Xira tem carências que devem ser combatidas, diz Andreia Revez. “Temos uma densidade populacional muito grande, especialmente no sul, e há coisas que podem ser feitas para melhorar. Sobretudo olhar para o trânsito e as acessibilidades, que têm carências graves. Estamos muito fechados em nós próprios, precisamos de saber se as pessoas de fora nos visitam ou não, temos de ver qual o nosso valor”, opina.
Andreia Revez Ferreira tem 41 anos, nasceu em Lisboa mas vive desde os 12 anos na Póvoa de Santa Iria. Trabalha em publicidade e está a tirar um mestrado. Antes de estar na direcção dos bombeiros já passara em três mandatos pela direcção dos dadores de sangue da cidade. É uma social-democrata sem medo de falar e encontrar convergências com pessoas de outros partidos.
Viveu uma infância de rua na Póvoa, numa altura em que os prédios do Casal da Serra ainda não existiam. Confessa-se apaixonada pela cidade. Do que mais gosta é de ir à rua e conhecer toda a gente. “O sentimento de familiaridade com as caras é muito confortável”, explica. Estar perto de Lisboa também é um factor positivo. O pior mesmo é o trânsito e a falta de dinâmica das pessoas, que raramente saem à rua para conviver.
Diz que a sede de concelho está bem em Vila Franca de Xira e como cidadã e dirigente associativa assegura que nunca se sentiu esquecida pelo poder político. “Ao longo dos anos foram sendo feitos investimentos importantes na cidade”. E aponta a requalificação da frente ribeirinha como um deles.
Os tempos livres são poucos mas gosta de praticar desporto, ler e ouvir música. Faz pilates e ginásio. Lê sobretudo livros de televisão, globalização e cultura mundial, mais relacionados com a parte académica. Ouve especialmente podcasts em movimento e no que toca a bandas Coldplay, Bon Jovi e Sigur Rós são algumas das preferências. Mas também ouve música clássica, dependendo do estado de espírito. Já visitou a nova biblioteca e diz que o investimento em cultura é sempre acertado. Mas avisa: “Aquela biblioteca ainda tem muitos passos para dar para se tornar uma referência. Já tem grande valor em termos de livros mas precisa de se diversificar e aumentar o seu acervo”, conclui..
Rui Rei a candidato e elogios a Mesquita
Além de dirigente associativa Andreia Revez é também militante do PSD e integrou a lista do partido à Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira. No mandato anterior foi efectiva e antes já cumprira dois mandatos na Assembleia de Freguesia do Sobralinho. É uma mulher que não gosta de misturar política com associativismo e que gostava de ver o vereador Rui Rei como candidato à câmara pelo PSD.
“O Rui Rei é um exemplo como autarca. Se é candidato à câmara ou não ele é que poderá responder. Para mim ele é um líder. Tem uma grande capacidade de liderar pessoas e uma extraordinária capacidade de trabalho e de as motivar. Quero acreditar que desta vez vamos vencer a câmara mas a última palavra cabe sempre aos militantes”, refere.
Sobre o actual presidente da câmara, Alberto Mesquita (PS), diz que sempre houve um “excelente relacionamento institucional” e que nutre “uma boa opinião” sobre o autarca. Mas lembra que há diferenças de pensamento. “Se fosse eu a decidir não faria algumas coisas como ele fez. Olharia para o concelho de forma diferente. Definia quais os clusters estratégicos do concelho, pensar nele como um todo e numa perspectiva de definição do que nos traz valor e do que é realmente importante para ser explorado, definir de uma vez por todas o que temos de melhor e fazer do concelho um lugar melhor do que aquilo que já é”, defende.