Só uma instituição de Vila Franca de Xira se mostrou disponível para acolher refugiados
Entidades que trabalham na área da acção social levantaram dúvidas sobre os custos financeiros
Da quase meia centena de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) existentes no concelho de Vila Franca de Xira, apenas uma - a Fundação CEBI, de Alverca - se mostrou totalmente disponível, sem reservas, para acolher e integrar refugiados que cheguem ao concelho.
Em resposta a uma série de contactos feitos pelo presidente da câmara, Alberto Mesquita (PS), só a CEBI disse que estava plenamente disponível para acolher os refugiados que deverão chegar a Portugal até final do ano. A maioria das associações contactadas levantou reservas face aos custos da medida - sobretudo saber quem vai pagar a despesa - e outras responderam negativamente ao contacto do autarca por considerarem que esse acolhimento estava fora do seu raio de acção.
“Fizemos contactos para termos um plano de acolhimento. Tem de ser um plano bem pensado, não é só recebermos as pessoas e depois não fazermos o enquadramento necessário, é preciso tratar das crianças, pô-las nas escolas, arranjar alojamento, alimentação, criar postos de trabalho para essas pessoas. Parte deste trabalho pode e deve ser feito pelas nossas instituições, que estão muito preparadas e têm vocação específica para o efeito”, explica o autarca, dias antes de se assinalar o Dia Mundial dos Refugiados, a 20 de Junho.
Alberto Mesquita explica que as principais preocupações das associações, antes de dizerem se podem ou não receber refugiados, era saber quem pagará a despesa. “Algumas até têm condições mas estão no limite do possível em termos financeiros. O Governo deverá ajudar e a câmara encontrará também algumas formas de ajudar. Mas enquanto essas matérias não forem esclarecidas é justificável que haja alguma prudência sobre estas questões”, explica a O MIRANTE.
O autarca diz compreender a apreensão de algumas associações, sobretudo porque já vivem o dia-a-dia preocupadas em resolver as questões sociais mais urgentes de cada freguesia. “Se não fossem as instituições teríamos ainda mais dificuldade, por exemplo, em acolher os idosos. Compreendo que uma outra sobrecarga tem de ser analisada convenientemente. Mas que estamos num município solidário isso é incontestável. E estou convicto que quando essa questão se colocar de facto e o Governo solicitar ao município a necessidade de acolhermos famílias cá estaremos para dar resposta positiva”, conclui.