Pedidos para plantação de nova vinha na região aquém das expectativas
Presidente do Instituto da Vinha e do Vinho esperava mais interesse dos produtores ribatejanos
A região vitivinícola do Tejo, que abrange o distrito de Santarém, “foi das menos dinâmicas” em termos de pedidos de área para a plantação de nova vinha, “pelo que se deduz que não há falta de uvas na região”. A constatação é do presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Frederico Falcão confessa que sendo esta uma região que tem apresentado bons crescimentos em termos de venda de vinhos, “esperava maior afluência de pedidos de área”.
Ao todo, na zona dos vinhos Tejo, foram pedidos cerca de 130 hectares para plantar nova vinha, mas podia ter sido solicitada mais área, pois não houve restrições à plantação por parte da região vitivinícola, como aconteceu no Alentejo (onde só foram disponibilizados 100 hectares), no Douro (4,5 hectares) ou na Madeira (meio hectare). Só no Alentejo, os pedidos de área para plantação superaram os 800 hectares, mas noutras zonas do país a procura foi menor e ainda ficaram, no total, cerca de 200 hectares por distribuir.
No caso da região vitivinícola do Tejo, como esta não solicitou qualquer restrição, a área a entregar está apenas dependente dos pedidos dos viticultores. “Todos os viticultores que solicitaram área e se encontravam em condições de elegibilidade, irão receber as áreas solicitadas - posso adiantar que são praticamente todos”, disse a O MIRANTE o presidente do IVV, numa entrevista feita por e-mail na véspera de Frederico Falcão ir de férias.
Região Tejo tem “um grande futuro”
A área de vinha na região Tejo é de 13.588 hectares, reportada a 31 de Julho de 2015. “A região do Tejo é uma das grandes regiões produtoras de vinho em Portugal e que tem vindo a subir de forma notória em termos de qualidade e relação qualidade-preço. A vinha continua a ser uma cultura de grande importância na região e esperamos que continue a manter ou até a aumentar a sua importância, dentro do contexto agrícola”, diz Frederico Falcão.
O responsável do IVV, que também é enólogo e foi director da Companhia das Lezírias, considera mesmo que a região Tejo tem “um grande futuro” e “feito um grande trabalho, até ao nível da promoção”. Diz que os vinhos do Tejo têm vindo a conquistar mercados, fruto da crescente aposta na qualidade: “Se há 30 anos era uma região que apostava na quantidade, hoje a região está claramente focada na produção de vinhos de alta qualidade”.
E acrescenta: “Nos últimos anos assistimos a uma evolução notável dos vinhos da região e acredito que o caminho traçado vai ser mantido. Neste caminho, tenho de destacar o importante papel que as adegas cooperativas da região têm feito para dinamizar a região. Se alguns produtores já estavam, no passado, focados na qualidade, esta evolução das adegas cooperativas, com a certificação dos seus vinhos, foi essencial para estimular a região no sentido da produção de vinhos de qualidade”.
Mas, adverte Frederico Falcão, “também não deixa de ser verdade que este caminho tem de ser mantido e que ainda há muito caminho a percorrer, mas sei que os agentes económicos da região e a Comissão Vitivinícola Regional estão cientes disto e estão a fazer um excelente trabalho”.