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“Não ando na política por causa das senhas de presença”

“Não ando na política por causa das senhas de presença”

Telmo Vieira, presidente da Assembleia de Freguesia de Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras. Telmo Vieira é responsável de tráfego numa empresa de logística e é também o presidente da Assembleia de Freguesia de Castanheira e Cachoeiras. Diz que não é pelas senhas de presença que está na política e garante ser homem de consensos.

Tem pena que a população não vá assistir mais às assembleias e confessa que por vezes acorda a pensar em trabalho. Nos tempos livres gosta de estar com a família. Sportinguista do coração, revela gostar de jogar futebol embora não tenha tempo para fazer o gosto ao pé.

Vai fazer vinte anos que saí da Vala do Carregado mas continuo a nutrir uma grande paixão pela terra e nunca perdi a ligação. Sou responsável de tráfego numa empresa multinacional de transportes e logística. É um trabalho complicado e stressante, sempre em movimento e com alterações constantes. A logística muda de cinco em cinco minutos mas gosto muito daquilo que faço. É mais fácil trabalhar quando se gosta, mesmo que o trabalho seja difícil. No trabalho e na vida sou muito perfeccionista e gostava de ser mais ainda. Gosto de ter sempre tudo bem feito, de passar para a minha equipa a melhor forma de fazer as coisas, gosto de aprender a fazer bem.
Viver na Castanheira é bom mas podia ser melhor ainda. Eu gosto de aqui estar e não quero trocar. O melhor da terra são as pessoas que aqui vivem. Somos uma freguesia com muita actividade cultural, há muita coisa boa por aqui. É uma terra sossegada, mas já teve mais movimento quando havia mais indústria. Não consigo levar o trabalho para casa mas nunca desligo totalmente. O meu telemóvel está sempre ligado 24 horas. Acordo muitas vezes a pensar no trabalho.
Nos tempos livres, que são poucos, gosto de estar com a minha mulher e com as minhas duas filhas. Sempre que consigo jantar em família também o faço. Agora de Verão gosto de ir com elas à praia. Sou uma pessoa que gosta de campo e praia e tenho a sorte de poder usufruir de ambas. O meu pai é da zona de Arouca e gosto sempre de passar uns dias na terrinha, como costumo dizer. De volta às origens.
Sou sportinguista, homem de fé e paciência. Gosto de jogar futebol apesar de hoje em dia já não o fazer. Mas tenho um jogo de táctica futebolística no telemóvel para me ir entretendo (risos). Há pouco tempo fui ao cinema mas todos os filmes que vejo são infantis porque vou com as minhas filhas. Também gosto muito de rock. A minha banda favorita são os Pearl Jam, sempre que vêm a Portugal vou vê-los.
O meu grande sonho da vida é ser feliz junto daqueles de quem mais gosto. Além disso é importante ter trabalho, o que hoje em dia é difícil e que a família seja feliz connosco. Tudo isso é o mais importante. Apesar da plataforma logística da Castanheira do Ribatejo ter gerado muita polémica era uma possibilidade de mais empregos. Era uma mais-valia mas é pena que esteja parada e sem haver perspectivas de trabalho.
Estou na política há três mandatos mas esta é a primeira vez que estou no cargo de presidente da assembleia. Está a ser o que eu esperava. É um cargo de que estou a gostar. O objectivo era trabalhar em prol da população e sinto que estamos a conseguir, eu e as colegas, em conjunto com as bancadas. Estamos a trabalhar em prol da freguesia. A nossa remuneração são as senhas de presença que rondam os 13/15 euros. Não é pelas 4 senhas que recebo num ano que ando na política. Faço-o pelo bem que posso fazer às pessoas e pela minha vontade de servir a comunidade.
Há assembleias de freguesia em que se fala de tudo um pouco mas não considero que aquilo que se fala não tenha interesse. Há coisas que se falam que não têm a ver com política, há lavar de roupa suja que tento moderar e há coisas que se podem melhorar. E tem-se vindo a melhorar. As bancadas têm trabalhado mais e apresentado propostas e moções em prol da freguesia. Temos de ser imparciais, íntegros, às vezes é difícil.
Infelizmente as pessoas aparecem pouco nas assembleias mas a culpa é de todos. Dos políticos que, há uns anos atrás, não souberam dar o valor correcto às pessoas e àquilo que elas podem vir a trazer às assembleias. E também da população, que gosta de falar e criticar mas muitas vezes não escolhe os locais correctos para o fazer. A assembleia é um local onde as pessoas devem ir para mostrar o seu desagrado ou satisfação sobre determinados assuntos. Tenho pena que só apareça população quando há um problema realmente grave. Deviam ser mais participativas. Cabe aos políticos mudar isso e chamar as pessoas às assembleias. E cabe às pessoas perceberem que as assembleias estão lá para elas. Nem que seja apenas para ouvir. Repito que é uma pena que as pessoas não participem mais.
Pessoalmente não concordo com a forma como algumas freguesias foram unidas. Deveria ter havido um estudo maior do que poderia originar. Sei que havia freguesias que estavam melhor unidas do que separadas. Algumas estão pior do que estavam. Mas há que tirar o melhor do que aconteceu. Por um lado as Cachoeiras ficaram bem e Castanheira também mas há um maior sacrifício do executivo e dos trabalhadores em fazer as coisas bem. O que supostamente se ia poupar com a união não aconteceu exactamente como se previa.

“Não ando na política por causa das senhas de presença”

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