Preço das tasquinhas causa polémica entre associações e Junta da Póvoa de Santa Iria
Em causa a obrigatoriedade de pagamento de 450 euros para os quatro dias da festa. Clube Académico de Desportos recusa-se a participar por considerar o valor “absurdo”, “irrealista” e “sem consideração” pelo movimento associativo.
Este ano as associações e entidades privadas que queiram ter tasquinhas nas festas da Póvoa de Santa Iria, organizadas pela junta de freguesia no primeiro fim-de-semana de Setembro, terão de pagar 450 euros. A informação foi avançada ao movimento associativo numa reunião preparatória que a junta de freguesia realizou com todos os que, no ano anterior, estiveram presentes nas festas.
O assunto já está a gerar polémica na cidade com várias associações a discordarem do preço, que aumentou este ano, passando dos 300 euros para 450. O facto de nenhum elemento do executivo ter comparecido para explicar pessoalmente o assunto é outro factor de desagrado. Outras associações ficaram indignadas por não terem sido convidadas para participar na reunião, como aconteceu com os o Grupo de Dadores de Sangue da Póvoa.
O Clube Académico de Desportos (CAD) já manifestou o seu desagrado, numa carta enviada ao presidente da junta. O presidente da colectividade, Paulo Barroca, diz que teria de trabalhar dois dias seguidos, dos quatro que dura a festa, apenas para conseguir amealhar os 450 euros exigidos pela junta. “O CAD, que tem comparecido nas festas há 11 anos consecutivos, vem por este meio declinar a participação deste ano, por considerar o valor em causa absurdo, irrealista e sem noção e consideração pelo movimento associativo”, critica.
O dirigente considera que as tasquinhas das festas, “um dos poucos e para muitas associações o único apoio que a junta poderia dar” acaba por ser “pago a peso de diamante”. Paulo Barroca é também, recorde-se, eleito da assembleia de freguesia pela bancada da coligação Novo Rumo.
O presidente da junta de freguesia, Jorge Ribeiro (PS), explica que só tem conhecimento de uma reclamação formal, a do CAD, associação gerida por um eleito da assembleia “que até tem sido dos que mais tem criticado os desequilíbrios financeiros das festas” nas últimas reuniões daquele órgão.
Autarca fala de motivações políticas
Nos últimos três anos a festa tem sido organizada pela associação Tradições em Festa mas este ano a junta de freguesia vai organizá-la a expensas próprias. Jorge Ribeiro explica que os 450 euros são exigidos a quem ocupar as tasquinhas como forma de equilibrar as contas e suportar as despesas de transporte, montagem e desmontagem das tasquinhas e das tendas onde se encontram. “O preço que estamos a pedir às associações é o mesmo que temos de pagar pela montagem. Há aqui pouca coerência. Na assembleia de freguesia criticam-nos por não termos contas equilibradas nas festas, e depois enquanto dirigentes associativos vêm pedir que a junta suporte o valor das tasquinhas. O valor é igual para todos, privados e associações. As colectividades já são apoiadas no ano inteiro e algumas nem estão à espera das festas para terem esse apoio”, critica o autarca, lamentando as motivações políticas que estão por detrás da polémica. “É a primeira vez neste mandato que vamos organizar as festas e porque temos capacidade financeira para isso. Mas num quadro de equilíbrio”, conclui.
Paulo Barroca discorda, lembrando que assim “as festas são pagas pelo movimento associativo”. Ao todo, nas festas, costumam participar entre 10 a 15 associações. “Mesmo as associações que não foram convidadas para a reunião podem vir ter connosco e falarmos, estamos abertos à participação de todas”, assegura Jorge Ribeiro.