uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

O que se passa comigo e quem é este cara de pau que nem os bons dias me dá

Tenho várias experiências de internamentos hospitalares e de consultas. A maioria boas mas algumas muito más...péssimas mesmo. Escrevo a propósito do livro “Comunicação clínica e relação de ajuda”, da editora Lidel, da autoria de Carlos Sequeira. O autor não fala de nada que os doentes e os médicos não saibam. Estes últimos não têm tempo porque ou têm muitos doentes ou muitos empregos, o que os faz correrem de uns para os outros. Os doentes...bom...os doentes ficam já muito admirados quando alguns médicos os tratam pelo nome e lhes dão os bons dias.
O autor do livro defende o óbvio. Diz que é importante preservar “o lado humano da relação (profissional de saúde-utente)”. Até aqui até eu escrevia um livro. Diz ainda que os doentes têm pouca participação na discussão dos seus processos clínicos o que em alguns casos é exagerado uma vez que normalmente não têm participação nenhuma.
Depois defende os médicos dizendo que eles têm pouco tempo para os doentes. Enfim...como ele próprio é alguém daquele meio (coordenador da Escola de Enfermagem do Porto), não lhe passou pela cabeça que muito menos tempo têm os doentes que já esperaram meses por uma consulta para além de uma manhã inteiro ou tarde, numa sala de espera.
Mas claro...os doentes, ou seja, aqueles que pagam médicos, enfermeiros, auxiliares. administrativos, edifícios, equipamentos, etc, etc...podem muito bem esperar o tempo que for preciso. O doutor que está sempre a olhar para o relógio porque ainda tem que passar pela clínica ou hospital privado...coitado, esse é que sofre.
E custa tanto ao doutor dizer bom dia ao doente? E explicar-lhe minimamente o mal de que o mesmo padece? Olhar para ele em vez de olhar para o monitor do computador ou para os resultados dos exames?
Já me aconteceu fazer uma observação sobre o meu estado numa consulta de ortopedia em Torres Novas e o “dótor” responder-me: “Cala-se que eu é que sou o médico!”. Felizmente foi o único que me insultou daquela forma e calhou num dia em que eu estava tão mal que nem tive forças para ir pedir o livro de reclamações. Nem sequer tive forças para lhe chamar o nome que ele merecia que eu lhe chamasse.
Um doente que manda o médico à merda é um mal-educado que merece castigo. Um médico que ignora o doente durante o tempo da consulta nem sequer olhando para ele é apenas...um médico que merece desculpa porque está sobrecarregado pelo trabalho...perdão...pelos empregos.
Como doente, antes de entrar numa consulta, gostaria que me dessem informações sobre o médico que me vai atender, a começar pelo nome e pelo número de empregos que tem. E acho que é justo que assim seja...afinal o médico sabe tudo sobre mim. O que faço, onde vivo, a minha profissão, hábitos, etc, etc...
Hélio Mendes Vital

Mais Notícias

    A carregar...