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Sente-se uma lufada de ar fresco na agricultura da região

Sente-se uma lufada de ar fresco na agricultura da região

Ricardo Castelo, 33 anos, é director geral-de uma empresa ligada à agricultura e também cabo dos forcados de Vila Franca de Xira desde Outubro de 1999. Há 15 dias nasceu o seu primeiro filho e diz que chegou a altura de começar a pensar em deixar as arenas.

O país e a região estão a assistir a uma lufada de ar fresco na agricultura e a uma nova geração de gente competente a trabalhar os solos e a tirar daí rentabilidade. A opinião é de Ricardo Castelo, director-geral de uma empresa ligada ao ramo da agricultura e que é também cabo dos forcados de Vila Franca de Xira.
“Nota-se que há uma crescente aposta das empresas e da banca na agricultura e isso é bom. Aquela ideia do agricultor de enxada na mão à torreira do sol está a mudar. As pessoas percebem que a área se desenvolveu, há feiras do campo e da agricultura nas cidades, há uma nova geração de gente formada só para a área agrícola”, conta.
Ricardo Castelo nota que a área da agricultura “tem obrigatoriamente de se expandir” porque é o futuro e considera que somos uma boa região para fazer negócio. “O clima é bom, os solos são bons, as pessoas são honestas e trabalhadoras. Quando vem gente de fora visitar o país dizem que temos tudo para ser um país excelente, só não temos dimensão”, considera.
Ricardo Castelo é um rosto conhecido de Vila Franca de Xira. Foi lá que nasceu há 33 anos e guarda boas memórias da sua infância numa terra que era muito diferente da actual. Era um aluno irrequieto na escola mas apesar disso sempre com respeito aos mais velhos. Apesar das brincadeiras nunca chumbou, nem no secundário nem na faculdade, onde se formou em engenharia agronómica. Actualmente é director-geral de uma empresa nacional ligada ao ramo da agricultura. Trabalha com produtores nacionais de milho, é responsável por duas herdades e tem 50 quintas florestais no país onde acompanha a gestão e o corte dos eucaliptais.
“Há dias em que trabalho de sol a sol. Agora vai começar outra fase dura, a colheita do milho. Este ano nem férias tive. Costumo ter uma semana mas nunca consigo tirar 20 dias desde que comecei a trabalhar nesta área”, diz. É um apaixonado pelo campo e pela natureza, estimulado pelo mundo dos toiros, que ficou a conhecer muito novo.
É também cabo dos forcados de Vila Franca de Xira desde Outubro de 1999. Há 15 dias nasceu-lhe o primeiro filho e diz que agora é tempo de pensar em passar a pasta a outro. “É uma fase em que começamos a pensar deixar. Quando temos esta idade a vida profissional e familiar ocupa-nos muito, já não podemos ser egoístas e pensar só em nós. A minha saída há-de estar para breve, ainda não sei quando. O grupo de VFX teve uma geração, a minha, que durou mais de 15 anos. Agora está a entrar uma camada jovem com bastante potencial. São filhos de antigos forcados e estamos em renovação. Eles estão à altura dos pergaminhos do grupo”, considera a O MIRANTE.
Aos 11 anos pegou pela primeira vez numa garraiada, incentivado pelo tio, José Carlos Matos, que também foi cabo do grupo. Aos 14 pegou o seu primeiro toiro pelo grupo, a 5 de Setembro de 1998, em Cuba do Alentejo.
“Depois da ansiedade vem um sentimento de querer e uma força de fazer a melhor pega. Há uma união incrível no grupo. Quando entramos na praça e estamos frente a frente com o toiro já não há mais nada, não pensamos em nada, é um descarregar de adrenalina. Quando temos vidas muito ocupadas e atarefadas este é um escape importante. Todos temos de nos libertar de alguma maneira e nós usamos os forcados para nos libertarmos das pressões que nos rodeiam”, confessa.
Ricardo admite que a idade faz crescer o medo. “À medida que envelhecemos o número de tentativas reduz muito. Quando não pegamos à primeira, à segunda tentativa não damos hipótese. A forma física também já não é a mesma”, admite.
Diz que ser forcado é uma forma de vida e um abraçar dos valores fundamentais da sociedade: amor, família, amizade, humildade, respeito. “Os forcados são uma escola de vida”, diz o homem que nunca, por superstição, deixa o barrete e o traje em cima da cama antes de uma corrida. Dá azar, revela.
“Temos tido menos corridas mas com mais qualidade, à volta de 15 por ano, quando há uma década tínhamos umas 30. Há muitos grupos, jogos de interesses, coisas que dominam a festa, que impedem que assim seja. Mas gostamos de continuar a pegar nas feiras e nas corridas importantes. Estamos em todas as corridas que marcam a temporada”, conclui.
O maior sonho da sua vida é realizado todos os dias, conta, e passa por coisas tão simples como ser um bom pai, marido, amigo, cabo e deixar o grupo em altas na hora de passar o testemunho.

Sente-se uma lufada de ar fresco na agricultura da região

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