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Avisado Manuel Serra d’Aire

O ilustre tomarense e abnegado defensor dos direitos dos professores e da agenda do PCP, Mário Nogueira, apelidou de cretinos todos os que andaram nestes últimos tempos a zurzi-lo pela sua misteriosa hibernação numa altura (o início do ano lectivo) em que mostrava sempre um afã reivindicativo e manifestante de fazer inveja a um taxista hiperactivo em protesto contra a Uber. E apelidou muito bem, digo eu que também estranhei a ausência do aguerrido sindicalista e grande educador da classe docente. Aliás, sem querer parecer imodesto, confesso que fiquei até um pouco vaidoso por constatar que foi preciso preocupar-me com o seu desaparecimento para o homem aparecer vociferante e indignado a dizer que estava vivo e bem vivido, pronto para recomeçar a luta. Prepare-se pois o Governo que as manifs e as greves não tardam aí, depois desta licença sabática de Mário Nogueira nas termas, em Marte, na Coreia do Norte ou lá por onde andou...

As notícias bombásticas para as bandas de Ourém não param de cair. E não me estou a referir ao menino que esteve um dia desaparecido sem que ninguém saiba muito bem como explicar o caso. Aliás, para aqueles lados os casos sem explicação, os episódios misteriosos, têm sido uma constante pelo menos nos últimos cem anos. O presidente da câmara, Paulo Fonseca, por exemplo, respondeu que não sabia do que a oposição estava a falar quando questionado sobre a contratação do dono de uma rádio local para dirigente da área de relações institucionais e comunicação do município. Ora se Fonseca já não sabe sequer quem contrata, estará em condições de saber quem é ele próprio e que cargo ocupa? Não me parece! Estranho e preocupante, sem dúvida, este caso de amnésia profunda. Que Nossa Senhora lhe cure as maleitas, que ele bem precisa...
Outro socialista de Ourém, o deputado e advogado António Gameiro (Toni para os amigos), viu o Tribunal da Relação agravar-lhe a pena e obrigá-lo a restituir os 45 mil euros com que, supostamente, terá ficado de uma cliente a quem tratou de vender um apartamento. Toni é também líder distrital do PS e houve logo quem, despudoradamente, quisesse retirar dividendos políticos desta condenação, sugerindo a sua demissão. Obviamente, só pode ter sido alguém que não conhece o país em que vivemos. Desde quando é que um político se demite ou é demitido por causa de uma aselhice, um azar, um episódio de somenos importância? Em Portugal, os únicos que vão para a rua quando a vida lhes corre mal são os treinadores de futebol.
Na Chamusca, um conhecido socialista local, Fernando Pratas, que até já foi deputado e dirigente distrital do PS, desfiliou-se do partido e virou-se para o CDS. O que comprova a tese defendida por muitos de que depois das derivas de esquerda da adolescência e juventude vem a fase da maturidade, do apaziguamento e de fazer as pazes com o Senhor. Aliás, a história recente está repleta de antigos radicais esquerdistas que hoje são fervorosos papa-hóstias. E eu próprio já me descaio de vez em quando a exclamar um pio “se Deus quiser” e dou por mim a assistir à missa dominical na TVI. Estarei também a passar-me para o outro lado?
Angustiado e cercado de dúvidas me vou. Um abraço e que Deus te proteja das tentações do demónio.
Serafim das Neves

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