“Um solicitador acaba por ser também psicólogo”
Nuno Abade, solicitador com escritório na Glória do Ribatejo, ainda esteve indeciso entre os recursos humanos e a solicitadoria, mas como sempre gostou de “mexer em papelada” e da parte jurídica, optou pela segunda opção. Terminou os estudos no Politécnico de Leiria em 2008 e depois do estágio obrigatório abriu o seu escritório na Glória do Ribatejo. No início foi complicado porque as pessoas ainda não conheciam o seu trabalho mas depois foram aparecendo clientes e passados seis anos trabalho não falta.
Nuno Abade, 31 anos, sempre viveu na Glória do Ribatejo. Residiu na casa dos avós até aos cinco anos de idade e teve uma infância feliz naquela pequena localidade do concelho de Salvaterra “onde os habitantes são muito unidos”.
Estudou até ao 12º ano na Escola Secundária de Salvaterra de Magos. Depois era preciso escolher uma licenciatura e Nuno esteve indeciso entre a área dos recursos humanos e a solicitadoria, mas como sempre gostou de mexer em papelada optou pela solicitadoria. Terminou o curso no Politécnico de Leiria em 2008, depois fez um estágio obrigatório de 18 meses num escritório em Santarém, seis meses com parte teórica e um ano de prática. Em 2010 decide abrir escritório na sua terra natal.
“No início foi complicado” porque as pessoas ainda não conheciam o seu trabalho mas depois foram aparecendo os primeiros clientes e passados seis anos trabalho não falta. “Gosto do que faço e pelos vistos os meus clientes também, porque procuram os meus serviços”, conta o solicitador. Os seus clientes são maioritariamente do concelho de Salvaterra de Magos. Um solicitador faz praticamente tudo o que um advogado faz, só não pode representar em processos-crime - “tudo o que tem a ver com direito penal e tudo o que sejam causas de valor muito elevado”, explica.
Nuno Abade refere a O MIRANTE que os clientes têm de confiar no solicitador, embora alguns não tenham bem a noção do que é a complexidade do seu trabalho. “Um solicitador acaba por ser também um psicólogo que ouve atentamente os cidadãos e tenta encontrar a melhor solução para as mais diversas situações”.
Desde que surgiu o Simplex as coisas têm melhorado bastante em relação à burocracia do nosso país. “Mas ainda são precisos muitos documentos e muitos papéis. Para os portugueses, ainda continua a ser difícil tratar de papéis e para além da complexidade é o custo dos documentos. Por exemplo: só o registo de um prédio urbano custa 250 euros fora a escritura e todos os outros documentos. Há pessoas que não tratam das coisas por terem noção que são muito caras”, revela. O solicitador considera ainda que em Portugal os impostos são “demasiado elevados”.
“Neste trabalho gosto de fazer tudo, não existe nenhum processo que seja mais chato ou que goste menos de fazer”, mas custa-lhe por vezes ter de executar alguém a quem a vida não lhe sorriu. “Já aconteceu e tenho pena das pessoas que por um azar na vida não conseguiram pagar algo que adquiriram”, conta.
Nuno Abade gosta de se levantar cedo. “Todos os dias acordo às 6h30 e chego ao escritório por volta das 8h00. O escritório só abre às 9h00 mas se aparecer algum cliente é logo atendido”. Durante a manhã tem de percorrer vários serviços, como a segurança social, conservatórias, câmaras municipais apesar de já se conseguir fazer muitas coisas online.