“Não invejo nada aos homens e gosto imenso de ser mulher”
Maria Amélia Rodrigues Carvalho Sousa Macedo - gerente da Autogirar. Tem dois filhos e uma filha e diz que os educou com amor, carinho e bom senso mas que a educação da rapariga não foi decalcada da dos rapazes. Maria Amélia Sousa Macedo percebe que as mulheres continuam a ser discriminadas mas que sistemas impostos, como o das quotas para a política, não são a melhor forma de atingir a igualdade.
Maria Amélia Rodrigues Carvalho Sousa Macedo, gerente da Autogirar – Sociedade Comercial de Automóveis, Ldª de Santarém, diz que participou em muitas reuniões de trabalho, tanto naquela qualidade como na de presidente da Associação de Concessionários da NISSAN, em que era a única mulher e que isso nunca a intimidou.
“Não invejo nada nos homens e gosto mesmo de ser mulher. Considero que homens ou mulheres têm características próprias que não são determinadas pelo sexo”, declara, explicando de seguida que isso não significa que exista igualdade.
“Penso que nas sociedades ocidentais se verificaram progressos em termos de igualdade mas não creio que possamos dizer que existe igualdade plena. Por exemplo, ao nível dos salários ainda há muitas situações em que se paga de modo diferente a homens e a mulheres e também sabemos que na contratação, muitas vezes, se deixa de admitir mulheres apenas porque estas podem vir a ser mães… Mas penso que estamos no caminho da mudança”, defende.
Maria Amélia Macedo lembra que na sua empresa trabalham homens e mulheres e que o que conta é o trabalho de toda a equipa. “O meu objectivo diário é ter a capacidade de gerir o melhor possível a nossa empresa, contando com a ajuda preciosa de uma grande equipa que trabalha connosco, com a ajuda e o desempenho brilhante do meu marido na área das vendas, com as minhas duas irmãs e com a mais valia que é ter um pai de 78 anos que dedica toda a sua experiência à nossa empresa”.
Reconhece que qualquer mulher que queira dedicar-se à política tem que abdicar de muitas coisas e que nem sempre é fácil ser aceite num mundo ainda muito masculino. Percebe o sistema de quotas que obriga à inclusão de um certo número de mulheres nas listas de candidatos para deputados ou para autarcas mas não gostava que fosse assim.
“As mulheres não deviam precisar de regras legalmente impostas. Gostava mais que as escolhas fossem feitas por mérito e capacidade de trabalho. Essa ideia das quotas pode ser perversa, na medida em que separa as mulheres dos homens e na medida em que abre caminho a mais quotas para outras categorias”, reflecte.
Provavelmente tendo-se a si como referência diz que, de um modo geral, as mulheres são mais organizadas e versáteis. “Conseguimos fazer muito mais coisas em simultâneo que os homens…”, resume. Com algum humor refere que em casa as tarefas são repartidas mas nem sempre por igual. “(...) há coisas que sou eu que faço e outras o meu marido e os meus filhos, às vezes em percentagens desequilibradas !!”.
Sobre a educação dos filhos, Maria Amélia Sousa Macedo diz que não é indiferente o facto de serem rapazes ou raparigas. “De uma forma geral devem ser educados com muito amor e muita atenção mas é claro que há algumas diferenças ao nível da educação. Tenho dois rapazes, o Bernardo com 25 anos e o Gonçalo com 20 anos e tenho a Carlota que tem 23 e teve que imperar o bom senso”, refere.
Gosta de estar com amigos, de ver um bom filme e de ler um bom livro. Na altura em que respondeu às questões de
O MIRANTE estava a ler “A Amiga Genial”, de Elena Ferrante. Mas os poucos tempos livres que tem não são todos reservados para actividades intelectuais. Como ribatejana de gema que se preza de ser já assistiu a algumas touradas e como adepta do Sporting também já foi ao futebol.