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Alfange espera que seja desta que chegam as prometidas obras

Alfange espera que seja desta que chegam as prometidas obras

Câmara de Santarém prevê investir perto de um milhão de euros na habitação social e na requalificação do espaço público desse bairro junto ao Tejo. Moradores há muito que se queixam do esquecimento a que estão votados pelo município.

“No Brasil há favelas mais bonitas do que Alfange”. O desabafo é de Patrícia Sousa, uma moradora do bairro Calouste Gulbenkian, em Alfange, que, tal como outros residentes, se queixa da falta de manutenção nos prédios por parte da Câmara de Santarém, proprietária dos imóveis. As casas já não são pintadas há muitos anos, há varandas rachadas, problemas nas instalações eléctricas e nas canalizações, entre outras anomalias habituais em construções já com algumas dezenas de anos. E há também queixas relativamente à recolha de lixo, que por vezes está alguns dias sem ser feita.
Os moradores, que pagam rendas relativamente baixas mas que ainda assim foram aumentadas substancialmente nos últimos anos, dizem que o município tem ignorado os seus apelos para dar mais atenção à conservação do bairro que lhe pertence. Patrícia Sousa vive ali há 40 anos e diz que se não fosse o empenho dos residentes a situação ainda estaria pior naquele aglomerado urbano junto ao Tejo. Ela e o companheiro, por exemplo, ajudaram a limpar e caiar o recinto polidesportivo descoberto que ali existe. “Tirámos mais de 40 sacos de folhas”, conta, “e isso não nos cabia a nós”.
A mãe de Patrícia, igualmente moradora no bairro camarário de Alfange, teve problemas na canalização da cozinha e a solução foi contratarem um técnico para resolver a situação. “Quanto às obras ninguém faz nada. A câmara diz que não há pessoal e que não há verbas. As rendas têm aumentado e não têm havido obras. Não há dinheiro para uma torneira, para uma porta a cair de podre. Então para onde é que vai o dinheiro das rendas que pagamos?”, pergunta Patrícia Sousa, que já expôs essas questões à autarquia.

Câmara prevê investir quase um milhão em Alfange
A Câmara de Santarém reconhece os problemas existentes em Alfange e é nesse sentido que pretende inverter o actual cenário com a ajuda de fundos comunitários. O Plano de Acção Integrado para as Comunidades Desfavorecidas aprovado pela autarquia prevê, já a partir de 2017, obras de reabilitação do bairro de habitação social de Alfange no valor de 500 mil euros. O mesmo plano perspectiva ainda uma intervenção no espaço público (nomeadamente na zona do recinto desportivo) no valor de 350 mil euros e a criação de uma Oficina Criativa, num investimento de 60 mil euros. Tudo projectos que contam com financiamento da União Europeia.

Projectos de Moita Flores não saíram do papel
De qualquer forma, os moradores olham para esses processos de intenções com algumas reticências, pois promessas de obras em Alfange não têm faltado nas últimas décadas. Em Outubro de 2007, a Câmara de Santarém, então liderada por Moita Flores, apresentou, no WaterfrontExpo, em Lisboa, um ambicioso plano estratégico de intervenção na zona ribeirinha da cidade, com um investimento global próximo dos 100 milhões de euros que seria para concretizar em Alfange e Ribeira de Santarém num prazo de oito a dez anos.
O projecto contava com a participação de privados essencialmente para a reabilitação e recuperação de imóveis e a autarquia previa a constituição de parcerias público-privadas para investimentos como um porto fluvial no Tejo, equipamentos para a prática desportiva, praia fluvial e esplanadas. Passados nove anos pouco foi feito, com excepção da colocação de um relvado sintético no campo de futebol da Ribeira de Santarém.

Alfange espera que seja desta que chegam as prometidas obras

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