Rosalina Melro morreu e Santarém ficou mais pobre
A cidade perdeu uma mulher de cultura, uma voz crítica e uma personalidade multifacetada
Rosalina Melro faleceu na segunda-feira na sua casa em Santarém, onde vivia sozinha. A professora aposentada fazia no próximo dia 15 de Dezembro 83 anos. Mulher de cultura, activista política e dirigente associativa. Essas foram três das suas múltiplas facetas em termos de participação cívica.
Voz crítica e respeitada na cidade, foi dirigente da Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém, do Círculo Cultural Scalabitano e da extinta Região de Turismo do Ribatejo. E também foi durante muitos anos uma mulher empenhada na divulgação dos tesouros patrimoniais e históricos da velha Scalabis.
A ligação de Rosalina Melro à política surgiu após a revolução de 25 de Abril de 1974. Embalada pelo charme político de Mário Soares, filiou-se no Partido Socialista, mas as disputas internas no partido levam-na a abandonar a militância. Procurou outro espaço de intervenção partidária e aposta no Partido Comunista. Esteve no PCP até 2007, quando a sua amiga e camarada Luísa Mesquita, então deputada e vereadora na Câmara de Santarém, foi expulsa do partido. Integrou também a bancada da CDU na Assembleia Municipal de Santarém. Em 2009, apoiou Moita Flores integrada num movimento de independentes que cortou com o PCP após a expulsão de Luísa Mesquita. E não escondeu algum desencanto com o ex-autarca que deixou a sua amada Santarém para se candidatar em Oeiras.
“Nunca me desiludi com ninguém mas em todas as situações em que me senti menos feliz soube quebrar e dizer não. Hoje sou independente e acho que tive uma vida de grande riqueza. Sou uma espécie de saco de retalhos, com as suas coisas boas e menos boas”, disse numa grande entrevista a O MIRANTE publicada em 3 de Janeiro de 2013.
Rosalina Melro, nascida no seio de uma família pobre da Ribeira de Santarém, casou e enviuvou duas vezes. Dessas uniões resultaram duas filhas e um filho.