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Portugal está no bom caminho diz Ricardo Reis nos “Encontros da Junqueira” promovidos pela AIP

Portugal está no bom caminho diz Ricardo Reis nos “Encontros da Junqueira” promovidos pela AIP

Ricardo Reis, professor na London School of Economics, um académico português com notoriedade internacional, foi o primeiro convidado da nova série de sessões denominada “Encontros na Junqueira” promovidos pela Associação Industrial Portuguesa (AIP).

Ricardo Reis dissertou sobre “O Futuro Próximo da Economia Portuguesa” e ao longo da sua intervenção elogiou várias vezes o primeiro-ministro António Costa e algumas políticas do seu governo considerando “a estabilidade política como uma das maiores conquistas”. Avisou no entanto que “o Governo já tem rédea curta para mostrar trabalho pois falta o impulso reformador tão prometido. Sem isso vamos chegar a uma altura em que vai faltar dinheiro até para pagar os juros da dívida”, alertou.
Para Ricardo Reis o grande sinal de que houve mudança de mentalidade foi o reconhecimento das imparidades da banca; “até há bem pouco tempo andavam a esconder debaixo do tapete um dos problemas mais graves da economia portuguesa; e alguns faziam-no e ainda se gabavam disso sem que as pessoas e as instituições dessem conta que estávamos em presença de um embuste”, afirmou.
Ainda sobre a banca o orador afirmou que a Caixa Geral de Depósitos já começou a ser privatizada embora ninguém fale do assunto. “Basta ler o acordo para a revitalização da Caixa para se perceber que a médio prazo a Caixa vai ser obrigada a abrir-se ainda mais ao capital privado. É uma privatização que vai decorrer lentamente mas que ninguém vai conseguir parar”, avisou.
Apesar dos elogios a António Costa, por causa da sua capacidade para conseguir a estabilidade política tão necessária para governar num país super endividado, Ricardo Reis considerou que “sem a reforma do Estado o país não tem solução. O Estado, este Estado, só tem boas ideias para aumentar os impostos e isso não é vida para ninguém”, avisou.
Quanto à dívida pública, diz que Portugal “tem muitos activos e que tanto pode continuar a vender casas aos franceses que vêm para cá residir como empresas de ambiente aos chineses”.
Apesar do discurso optimista Ricardo Reis não deixou de fazer algumas criticas ao sistema e a quem se serve dele; “Portugal não tem regras ao nível da avaliação das contas públicas. Neste capítulo estamos ao nível de África. Choca-me os relatórios que apontam só aquilo que é acessório. Temos que ter entidades independentes a dar conta das nossas contas públicas para que não se continue a assistir a uma política de terra queimada”.
“Censura pública e mais intervenção da comunicação social na denúncia dos negócios manhosos”, foi o que Ricardo Reis pediu ao lembrar que “nos últimos anos em Portugal muita gente dita importante pediu dinheiro emprestado à banca de uma forma suspeita e chocante”.

Daniel Bessa diz que a Assembleia da República tem um quisto

Daniel Bessa não acredita na recuperação económica de Portugal com uma dívida monstruosa. Para exemplificar o quanto é critico sobre a política de imposto diz que qualquer dia o Estado cobra imposto ao cidadão que sai à rua com uma camisa lavada.

Daniel Bessa foi o comentador residente da primeira sessão dos “Encontros da Junqueira”. O professor de Economia e ex-ministro não deixou o seu crédito por mãos alheias. Ao contrário do orador, Daniel Bessa tem muitas dúvidas sobre o rumo do país e considerou que um dos males está na Assembleia da República onde há um quisto que pode estragar tudo.
“Claro que concordo com alguma das coisas que foram ditas e em algumas áreas da economia portuguesa houve melhorias mas isso também não admira. Ainda ontem estive numa outra iniciativa parecida com esta e patrocinada pelo Presidente da República. Percebe-se que até o Presidente da República tem esta agenda na cabeça. Mas os tempos não estão fáceis. Eu não queria ser ministro da Economia. Nesta altura o ministro não sabe de que terra é ao contrário de outros membros do Governo que sempre vão encontrando alguma tábua de salvação”.
Para Daniel Bessa “qualquer que seja o caminho que Portugal vá trilhar estamos sempre condenados pelo passivo. E podemos dizer que ele é astronómico ou até monstruoso. Podemos pôr a hipótese de atenuarmos o peso da dívida com a ajuda dos credores; mas como é que se vai negociar à Europa com os principais credores com parceiros que defendem publicamente a saída do Euro?”.
“A subida do peso das exportações portuguesas foi o melhor que aconteceu a Portugal nos últimos anos mas também aqui podemos adivinhar um grande ponto de interrogação; não houve investimentos a condizer; ou as empresas andam a perder dinheiro com as exportações, o que é muito provável, ou os empresários não sabem o que andam a fazer”, disse, sempre seguindo a linha de raciocínio do orador convidado, tecendo elogios à sua juventude e desejando que ele tenha toda a razão do mundo para ser mais optimista.
Daniel Bessa não é só crítico do Governo que “qualquer dia cobra imposto ao cidadão que sai à rua com uma camisa lavada”. Para ele os empresários que se gabam de terem muitos lucros e não promovem boas políticas salariais são iguais aos políticos: “Eu nunca me orgulharia de qualquer bom resultado das minhas empresas se não tivesse promovido melhorias salariais dos meus trabalhadores”, afirmou, como exemplo.
Ainda sobre as empresas e a sua forma de se promoverem, Daniel Bessa considerou ridícula a existência de feiras em Portugal para se venderem produtos ao mundo; “Alguém vem cá para nos comprar produtos; claro que não vêm. É nas feiras lá fora é que se faz caminho”, disse.
Esta foi a primeira de três sessões dos “Encontros da Junqueira” que a AIP organiza ao longo do ano no âmbito do programa de comemorações dos 180 anos da associação.
Nas três edições dos “Encontros da Junqueira” serão abordados temas como o financiamento, investimento e a internacionalização da economia; os novos modelos de negócio e a organização empresarial, o capital humano e a retenção de talentos.

Portugal está no bom caminho diz Ricardo Reis nos “Encontros da Junqueira” promovidos pela AIP

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