Escolheu ser professora porque gosta muito de crianças
Dalila Pereira é sócia de uma escola de línguas em Abrantes. Nasceu, cresceu e formou-se no Canadá mas optou por Portugal para fazer a sua carreira profissional. Vive no concelho de Alcanena e dá aulas de inglês há cerca de 20 anos.
Quando Dalila Ferreira chegou a Portugal, aos 24 anos, nunca pensou ficar muito tempo e muito menos até hoje. Mas com uma licenciatura em ensino tirada no Canadá, de onde é natural, e a vontade de conhecer melhor Alcanena, terra das suas raízes familiares, quis o destino que mudasse de ideias e assim aconteceu. Revivendo as suas escolhas, talvez não tivesse optado pelo interior do País ou por uma freguesia rural, mas é em Moitas Venda, no concelho de Alcanena, que reside há cerca de 20 anos. Casou, teve duas filhas e, presentemente, além de professora de inglês é sócia gerente de uma escola de línguas em Abrantes, The Learning Spot. Desde 2011 que mantém o projecto com mais duas sócias: Irene Pereira, natural da África do Sul, e Cathy Ramos, também do Canadá.
Nasceu há 43 anos em Winnipeg, na província de Minitoba, que possui “a terceira maior comunidade de portugueses” no Canadá, a seguir a Toronto e Montreal, “com muitos portugueses de Alcanena, do Norte e dos Açores”, conta a O MIRANTE. Os pais quando emigraram também pensaram ser por poucos anos, mas ainda hoje lá permanecem.
Já depois de licenciada, e com algumas dificuldades em encontrar colocação como professora no Canadá, veio com a mãe de férias a Portugal e pensou que ensinar por terras lusitanas era capaz de ser “uma boa experiência”. Ficou e gostava de ter avançado para o mestrado mas tornou-se complicado viver e trabalhar em Alcanena e viajar até Lisboa ou Coimbra para prolongar os estudos.
Do outro lado do oceano Atlântico, no Canadá, ficaram outras experiências profissionais. O seu primeiro emprego, “teria 14 ou 15 anos”, foi como ama, prática muito comum nos países norte-americanos. E ainda adolescente trabalhou como voluntária num hospital perto de casa. “A prática de voluntariado conta muito no currículo de um jovem. Trabalhava com idosos que esperavam vaga para um lar. Adorava entregar flores, jogar snooker, às cartas, xadrez”, recorda. Por volta dos 17 anos foi trabalhar para uma loja, em regime parcial, para conciliar com a universidade. E depois da licenciatura chegou a dar aulas em regime de substituição durante ano e meio, conta.
Aposta em Abrantes tem sido positiva
Uma vez em Portugal, a sua área de abrangência enquanto professora de inglês estendia-se para fora de Alcanena - “Tomar, Santarém, Abrantes, até que fui promovida a directora pedagógica”. E por fim a empresa fechou colocando Dalila Ferreira e outras colegas no desemprego. Foi o primeiro passo para avançar sozinha no projecto que detém em Abrantes. “A escola é longe de casa... mas como já trabalhava por Abrantes decidi abrir aqui a escola, muito por causa a carteira de clientes que tinha”, explica.
Na The Learning Spot os alunos podem aprender inglês, francês ou alemão desde os 4 anos. “Também já tentámos o mandarim, mas há pouca oferta a nível de professores e não era rentável”, explica. A escola oferece ainda aulas de português para estrangeiros que trabalham nas empresas da zona.
Escolheu ser professora porque gosta muito de crianças. “Até à secundária não sabia o que iria ser, mas tive dois ou três professores que me influenciaram bastante”, refere. Quando era criança não sonhava com nenhuma profissão em particular, só sabe que gostava de ir ao banco com a mãe, ver as pessoas a trabalhar atrás do balcão. “Davam-me uns papelinhos coloridos das transferências bancárias que levava para casa para brincar”, lembra.
Como professora e sócia gerente da escola de línguas a sua vida não é fácil. “É preciso muita dedicação e os horários são complicados porque a maior parte das aulas funcionam em regime pós-laboral”, o que acaba por influenciar no tempo que dedica às filhas durante a semana. Mas depois há outras recompensas - “viagens nas férias e este ano, no Carnaval, estivemos em Londres com os alunos”.
Dalila Ferreira gosta de ler, ir ao cinema e ir à praia nem que seja só para ver o mar. Infelizmente tem “sempre trabalho para levar para casa” e o que gosta menos é de não ter fins-de-semana. O seu tempo é muito preenchido com “as aulas, o planeamento, a gestão da escola e ainda o estar com os alunos”, que são cerca de 180.