“Num momento parece que vamos descolar e logo a seguir parece que não”
António Godinho. Director Geral da Carpintaria Mário em Vale de Cavalos
Define-se com um aficionado q.b. (quanto baste). Diz que gosta de assistir a uma tourada mas que já gostou mais e que não é entendido em matéria de tauromaquia. Não é contra as actividades taurinas porque respeita e defende as tradições. Sobre a festa da Semana da Ascensão diz ser um entusiasta e que só não passa pela festa todos os dias porque actualmente não mora no concelho.
“Participo na Festa mas confesso que deveria participar de forma mais activa. Eu e grande parte da população do concelho. Ultimamente tenho tido uma dupla participação, não só como visitante mas também como expositor com um pequeno stand da empresa. Esta é uma festa de união. É na Ascensão que muitas vezes se encontram pessoas que há muito não víamos, principalmente pessoas de outras freguesias, somos um concelho grande e algo disperso o que potencia o afastamento e isolamento. É e deverá ser sempre uma festa de tradições que não podemos deixar morrer”, declara.
Do ponto de vista económico considera que a Ascensão é uma oportunidade para as empresas do concelho se darem a conhecer e darem a conhecer a oferta que existe no concelho. Do ponto de vista cultural, os programas agradam-lhe embora gostasse que o contributo das freguesias para a festa tivesse maior visibilidade e que fosse dada maior importância aos aspectos sócio-económicos.
“No nosso concelho este evento é impar. Nenhum outro atrai as pessoas que este atrai e nenhum outro permite o contacto directo com as pessoas como este, portanto acho que mais do que o retorno imediato deve ser aproveitada como uma montra que é vista por milhares de pessoas e que pode trazer resultados no futuro”, explica.
Quanto aos resultados resultantes das alterações políticas diz que a nível local, por muito boa vontade que exista é difícil fazer melhor pois os recursos são escassos e o concelho é pobre. A nível nacional mostra-se apreensivo pois apesar de considerar que o Governo está a trabalhar bem, a classe média continua sufocada com impostos e é taxada como se fosse uma classe rica. Acrescenta que o que aconteceu no passado não deveria ser esquecido e que não se deveriam cometer os mesmos erros.
“Este aparecimento súbito de dinheiro deixa-me apreensivo, espero que seja algo real e sustentado. A factura recente que todos pagámos e continuamos a pagar é demasiado alta para ser repetida”, afirma.
Considera que a agricultura e a exploração florestal terão um papel fulcral no desenvolvimento do concelho e que se deveria olhar para o rio Tejo de uma outra forma, transformando-o numa “imagem de marca”.
Quanto à sua empresa confessa que o tempo ainda é de cautelas. “Estamos num período de grandes incertezas e não é possível planear a médio prazo. Como tal não podemos arriscar demasiado. Num momento tenho a sensação de que estamos a “descolar” e no momento seguinte a sensação de que afinal ainda não. O acesso ao crédito continua muito dificultado às pequenas empresas e quando acontece as decisões são demasiado demoradas pelo que neste momento a banca não está a ser o parceiro desejável às pequenas empresas. As pequenas empresas vivem muito do enorme esforço que é feito pelos proprietários e suas famílias e nem sempre é fácil aguentar o barco”, conclui.