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Sociólogo de Foros de Salvaterra correu 749 quilómetros por uma causa solidária
Em Dezembro planeia fazer a volta ao Ribatejo sem parar

Sociólogo de Foros de Salvaterra correu 749 quilómetros por uma causa solidária

João Paulo Félix fez o percurso da Estrada Nacional 2 de Chaves a Faro em 14 dias

Cansado mas com a sensação de dever cumprido foi como João Paulo Félix se sentiu ao chegar ao quilómetro 739 em Faro (Algarve), no último ponto da Estrada Nacional 2, que atravessa Portugal, a maior estrada da Europa e a terceira maior do Mundo. João Paulo Félix começou a preparar esta aventura cerca de dois meses e meio antes. Marcar alojamentos, rever mapas e delinear percursos e paragens. Nada escapou a este sociólogo, de 47 anos, natural de Várzea Fresca, concelho de Salvaterra de Magos. Esta prova que começou a delinear na sua cabeça no ano passado teve um cariz solidário. João Félix doou a t-shirt com que correu à Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, que a vai leiloar para angariar receitas.
No dia 1 de Agosto, pelas 6h30, João Paulo Félix iniciou em Chaves [distrito de Vila Real] a sua jornada que durou 14 dias. A quarta etapa foi a mais longa, tendo percorrido 70 quilómetros entre Lamego e Viseu. Nos outros dias percorreu cerca de 60 quilómetros, caminhando entre seis a 10 horas por dia. Foram cerca de 98 horas de corrida, no total. Habituado a participar em provas de corrida e trail nos tempos livres, João Félix diz que o percurso não foi tão difícil quanto estava à espera. “É sempre difícil uma prova destas mas quando estamos motivados e temos apoio torna-se mais fácil”, reflecte o sociólogo.
Durante o percurso teve amigos e familiares a apoiá-lo. Houve quem se juntasse ao corredor em determinados momentos. “Tenho um amigo que todos os anos faz uma corrida com o número de quilómetros igual à sua idade. Este ano apareceu a meio da corrida e fez 48 quilómetros comigo. São momentos refrescantes para quem está a correr há vários dias”, disse. As surpresas não lhe faltaram ao longo do caminho. A família e amigos foram apoiando em carros, apesar de João não estar à espera. A irmã e o cunhado juntaram-se e fizeram o trajecto entre Aljustrel e Almodôvar, no distrito de Beja.
Se em alguns locais tinha alojamento reservado, noutros pernoitou em quartéis de bombeiros, como em Mortágua [Viseu]. O tempo estava todo contabilizado e o mais difícil era gerir o cansaço acumulado. “No final de cada etapa tinha que lavar a roupa, tratar do corpo, alimentar-me bem, sobretudo com sopa, que é muito importante para quem está a fazer um tipo de prova destas. E é essencial dormir bem, por isso quando terminava o dia não sobrava tempo para fazer muito mais coisas”, relata. Como em todos os percursos longos há sempre imprevistos. Como quando, em Lamego, se partiu a mochila e teve que arranjar sacos de plástico e fazer 42 quilómetros com os sacos nas mãos.
O tempo esteve quente mas suportável, garante. “35 graus em Agosto não é exagerado. O ano passado apanhei mais calor. Este ano como o alcatrão estava menos quente fiz menos bolhas nos pés. Custou a fazer mas menos do que estava à espera. Estas aventuras são sempre uma carta fechada”, afirma. No entanto, a sua tolerância à dor é elevada o que lhe permitiu aguentar algumas adversidades. Como quando o tornozelo inchou de tal maneira, que perdeu a força e caiu sobre a perna esquerda mas nem isso o fez desistir ou parar. “O foco é acabar a prova e foi nisso sempre que me mentalizei para conseguir terminar. Não podemos desistir e a força mental é muito importante. Tão importante quanto a capacidade física”, explica.
A primeira vez que percorreu esta estrada, que atravessa o Ribatejo nos concelhos de Sardoal, Abrantes e Coruche, foi o ano passado, dessa vez em bicicleta. Completou a prova em sete dias e considera que o esforço é menor. Foi nessa altura que nasceu a ideia de percorrer a mesma estrada mas a pé e poder contribuir para ajudar quem precisa. “Sinto-me bem a ajudar os outros fazendo o que mais gosto de fazer que é praticar desporto”, confessa a O MIRANTE.

Em Dezembro vai dar a volta ao Ribatejo a pé
As próximas provas solidárias já estão planeadas. Em Dezembro vai fazer a volta ao Ribatejo, vão ser 280 km sem parar, a começar e terminar em Salvaterra de Magos. No próximo ano está previsto fazer o percurso entre Barcelona [Espanha] e Faro [Algarve]. Vão ser mais de 800 quilómetros por trilhos de montanha. João Paulo Félix diz a O MIRANTE que vai associar sempre a uma causa solidária todas as corridas que fizer com mais de 42 quilómetros. Até lá vai correndo em provas aos fins-de-semana e sempre que tem tempo livre.

Sociólogo de Foros de Salvaterra correu 749 quilómetros por uma causa solidária

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