Falta mão de obra para trabalhos não qualificados
Agora que o Governo começa a falar em lançar obras públicas nos próximos anos é bom que comece também a pensar em flexibilizar as leis do trabalho para não ficarmos, na altura das obras, com um problema de falta de mão-de-obra para trabalhos não qualificados.
Quando foi a Expo98 e depois o Europeu de Futebol os patrões tiveram que recorrer a mão-de-obra ilegal, vinda da Ucrânia, por exemplo. Se assim não fosse não teria havido obras porque mão de obra portuguesa para a construção civil só havia para uma situação normal.
Claro que depois teve que se criar uma situação excepcional para legalizar esses trabalhadores, a maioria dos quais já saiu de Portugal, ou para regressar ao seu país ou para ir trabalhar para outros países. Não é por acaso que muitos com condições para pedir a nacionalidade o fizeram. É que assim podiam ir trabalhar para outros países da União Europeia sem tantas burocracias.
Sei de pessoas que precisam de trabalhadores sazonalmente. Por dois dias, por duas semanas. Também sei de trabalhadores, disponíveis para fazer aqueles trabalhos, normalmente estrangeiros. No entanto, conciliar isto é difícil. O patrão e o trabalhador olham para o que têm que pagar em impostos e burocracias e concluem que o que o patrão paga não é para quem fizer o trabalho mas para o Estado.
Sou a favor do pagamento de impostos mas acho que ainda ninguém se deu ao trabalho de olhar para este problema como deve ser. E, pensando bem, se calhar não há quem o consiga fazer. Funcionários, governantes ou deputados não consegue perceber que uma situação assim e se a percebem fazem de conta que não a percebem. E no entanto seria fácil aliviar de burocracia e de impostos estes casos em vez de andar por aí com as tratas da integração dos “precários”. Deixem-se de poesia e de querer sugar tudo em impostos e ajudem a pequena economia. Watá bem?
Raúl Figueira