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Distrito de Santarém é o que tem mais incêndios com mão criminosa

Distrito de Santarém é o que tem mais incêndios com mão criminosa

Relatório conclui que o incendiarismo atingiu quase 100 por cento dos casos entre 2003 e 2013. O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas analisou as causas dos incêndios que ocorreram durante 10 anos, até 2013, e verificou que o distrito de Santarém é aquele onde se verifica a situação mais grave de incendiarismo. Neste período, os casos de fogo posto intencionalmente foram muito superiores à tendência das outras zonas do país, onde a negligência foi a maior causa dos fogos.

O distrito de Santarém tem o número mais elevado de incêndios causados por mão criminosa no período entre 2003 e 2013. Os dados constam de um relatório do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que analisou as causas dos incêndios florestais ao longo destes 10 anos, a partir das investigações feitas pelas autoridades. Perante o elevado número de incêndios causados intencionalmente, o ICNF realça que se deve reforçar “a busca e percepção de indivíduos enquadrados no perfil do incendiário e promover um reforço das acções de dissuasão e fiscalização”.
No ponto em que o instituto fala sobre as estratégias de actuação para minimização de ocorrências, destaca o facto de a percentagem de incêndios resultantes de causas intencionais atingir quase os 100 por cento. Neste capítulo, Santarém foi mesmo o pior dos três distritos onde o fenómeno do incendiarismo é mais grave, com 98 por cento de casos com mão criminosa (juntando o crime intencional e o negligente), mais dois por cento que em Braga e Viana do Castelo.
O relatório mostra que o distrito de Santarém e os outros dois do norte do país fogem à tendência dos restantes territórios, onde as causas dos incêndios estão mais associadas a comportamentos negligentes. Das 1626 ocorrências investigadas e apuradas entre 2003 e 2013 no distrito de Santarém, houve 1073 com origem intencional (crime de fogo posto), o que representa 66 por cento. 23 casos (1,4%) foram atribuídos a causas naturais e 530 (32,6%) a comportamentos negligentes que também são punidos criminalmente.
Segundo o ICNF, destes 1073 incêndios que as investigações concluíram serem de origem criminosa, registaram-se 14 situações em que não se apurou a motivação dos incendiários. Em apenas dois incêndios, os autores do fogo posto eram inimputáveis, ou seja, não estavam em condições de perceber ou avaliar as suas atitudes devido a perturbações ou anomalias psíquicas.
O relatório refere que dos incêndios de 2003 houve, a nível nacional, sete por cento com causas naturais, “uma elevada percentagem”, segundo sublinha o ICNF, atendendo a que a média deste tipo de causa ronda 1,5%. Entre estes esteve o mais devastador incêndio ocorrido na Chamusca até ao momento, que deflagrou no dia 2 de Agosto às 10h45 na sequência de uma “trovoada tipo tropical que se abateu sobre a vila”. As chamas mataram quatro pessoas, entre elas dois sapadores chilenos ao serviço de empresas de celulose que ajudavam a combater o incêndio. Arderam 30 mil hectares de floresta, ficaram destruídas 20 habitações nas freguesias de Pinheiro Grande, Ulme e Vale de Cavalos, desapareceram duas mil cabeças de gado e foram destruídos 25 quilómetros de linhas telefónicas.
Em relação à investigação dos incêndios, o relatório sublinha que em 2006 as competências de investigação das causas dos incêndios foram transferidas para a GNR, o que representou nessa altura um aumento das investigações inconclusivas, cerca de 66%, que baixaram para 28% em 2013. Nos 10 anos analisados, refere o ICNF que o número médio anual de ocorrências foi de 23068 casos. O distrito de Leiria foi o que registou maior número de ocorrências investigadas, com cerca de 70 por cento. O distrito de Santarém ficou a meio da tabela ao investigar pouco mais de 40 por cento dos incêndios.

Distrito de Santarém é o que tem mais incêndios com mão criminosa

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