Lhano Manuel Serra d’Aire
Parece que a criação de um Museu da Tauromaquia em Vila Franca de Xira está em banho-maria porque as figuras do meio taurino que integram a comissão de acompanhamento do processo não só não se entendem como até já quase chegaram a vias de facto durante a discussão do projecto. E antes que a enfermaria da Palha Blanco venha a ter trabalho extra, o melhor mesmo é a malta esfriar os ânimos e deixar assentar a poeira. É por estas e por outras que a actividade tauromáquica é popularmente conhecida como festa brava. Discussões sem sangue, suor e lágrimas são para copinhos de leite como essa rapaziada anti-taurina e do PAN. Com a malta das touradas, até um debate sobre um museu envolve mais adrenalina do que um Benfica-Sporting em futebol.
Apelidas-me de heróico no teu último escrito mas quem merece essa adjectivação és tu ao confessares que desencorajas toda a sorte de pedintes que te batem à porta com o argumento, que dizes ser factual, de não guardares dinheiro em casa. O que me deixa entre o supreendido e o preocupado, pois não explicas se o fazes por, pura e simplesmente, o guito ser um bem escasso ou se é por ainda acreditares que o dinheiro está bem é no banco.
Se é devido à primeira razão tens a minha total solidariedade e, provavelmente a da maioria do povo português, pois somos todos uma cambada de tesos, embora uns gostem mais de se armar ao pingarelho que outros. Se é pela segunda razão, então o caso é grave e denota sérios indícios de irresponsabilidade, ingenuidade ou ignorância. Deixar o dinheiro à guarda de bancos, em Portugal, é tão arriscado como entregar a chave do galinheiro a uma raposa ou a chave da adega a um bêbado inveterado.
É verdade que nem todos os bancos são iguais - uns tramaram-nos mais do que outros e na cobrança de comissões há os que metem a mão e os que metem as duas – mas daí a serem entidades fiáveis a 100 por cento vai um passo maior do que um salto do Nelson Évora. Por isso, as minhas parcas economias continuam a ser guardadas em latas e outros esconderijos, mas não debaixo do colchão, pois essa solução está muito batida e é facilmente localizável mesmo pelo mais bronco dos ladrões. No banco só mesmo o que tem de ser para pagar as contas.
Iconoclasta Manel, discorreste também sobre os hábitos sexuais dos templários, a propósito de um centro de interpretação templária que estará para nascer na Barquinha, mas esqueceste-te de referir, quiçá por pudor, que os celibatários cavaleiros da Ordem do Templo tinham fama de darem para o lado do inimigo quando tinham necessidade de aliviar as suas pulsões sexuais. Não sei se os mentores do projecto da Barquinha pretendem abrir o livro todo sobre os usos e costumes desses cavaleiros medievais mas na minha opinião poderiam transformar esse aspecto aparentemente incómodo em oportunidade, alargando assim o mercado de potenciais interessados em conhecer os mistérios e a vida íntima dos templários. É que tudo o que mete sexo vende como pãezinhos quentes. E se meter homossexualidade pelo meio, então, é um ver se te avias (salvo seja)...
Saudações do Serafim das Neves