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Não quero palmadinhas nas costas

Já lá diz uma velha graça popular que se, de repente, começarem a alcatroar a sua rua, então isso são eleições autárquicas. A brincadeira tem um fundo de verdade porque de quatro em quatro anos os políticos que não vão aos mercados, não compram nas lojas da terra e não são sequer vistos a andar a pé na rua, subitamente sentem essa vontade electrizante de se misturar com a arraia-miúda. As passadeiras que passam anos semi-apagadas ganham novo brilho. Obras há muito prometidas só no quarto ano de mandato parecem ver os seus projectos finalmente aprovados, financiados, prontos a fazer.
Não vale a pena fingirem que isso não acontece. Abracemos antes essa verdade como algo que não gostamos e que repudiamos. Se fossemos uma sociedade mais atenta, certamente teríamos a capacidade de cheirar a propaganda a milhas. Mas não. Como somos pobres, qualquer esmola que venha, mesmo que só venha de quatro em quatro anos, sabe a caviar. Em vez de me cruzar com os políticos na rua por estes dias a darem-me palmadinhas nas costas e a sorrirem-me como se fossemos velhos amigos das noites de póquer lá em casa, preferia que na recta final estivessem fechados nos gabinetes, a despachar trabalho, a cumprirem a sua missão. Prefiro mil vezes um problema resolvido que um sorriso amarelo. Sejamos francos: eles gostam tanto de sorrir para mim como eu gosto de sorrir para eles. Por isso, pelo menos, o trabalho fica feito e sempre terá utilidade.
Carlos Monteiro

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