Transportes públicos são o melhor amigo do automóvel
Já diz o povo que só nos lembramos de Santa Bárbara quando faz trovoada e, para não variar, essa sentença popular é mais sensata e ajustada do que algumas decisões tomadas pelas nossas autoridades judiciais e que nos deixam de boca aberta. Vem isto a propósito de só há poucos dias, quando necessitei de me deslocar de Santarém a Évora de transportes públicos, ter verificado, para grande surpresa minha, que nenhuma das empresas de camionagem que habitualmente operam na região ribatejana tinha uma carreira, uma só que fosse, a ligar essas duas capitais de distrito, nem que fosse de passagem. Quem tem que fazer esse trajecto é obrigado a ir primeiro a Lisboa, fazer o transbordo e depois seguir rumo ao Alentejo (seja de autocarro ou de comboio), percorrendo o dobro dos quilómetros e pagando, obviamente, em tempo e em dinheiro de acordo com essa realidade.
Sei que vivemos num mundo que gira em volta do automóvel e da autonomia e conforto que o mesmo proporciona, em que se parte do princípio que por cada português adulto há um carro. Mas num país tão pequeno, que num dia se atravessa de norte a sul e se regressa ao local de partida sempre por auto-estrada, é de bradar aos céus que o sistema de transportes públicos, neste caso o rodoviário, funcione de forma tão incipiente, para não lhe chamar outra coisa.
Évora é uma cidade universitária onde estudam muitos jovens ribatejanos e no Politécnico de Santarém suponho que também haja muitos estudantes alentejanos. E depois há a restante população, também potencial cliente desse serviço, caso ele existisse. Será que os portugueses se acomodaram ao carro exclusivamente por vontade própria ou até que ponto é que essa realidade não é também ditada pela insuficiência de respostas da rede de transportes públicos, nomeadamente de carreiras entre centros urbanos com alguma relevância? Situações destas levam-me a pensar que, no nosso país, os transportes públicos são, paradoxalmente, o melhor amigo do automóvel.
José C. Reis
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