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“Poucos jovens licenciados conseguem trabalho na sua área”

“Poucos jovens licenciados conseguem trabalho na sua área”

Edgar Correia e Ricardo Pestana são dois jovens de Samora Correia com vontade de ajudar a dinamizar a cidade. São responsáveis pelo Gabinete de Comunicação da Sociedade Filarmónica União Samorense (SFUS) e fundaram a agência de marketing e comunicação Génios do Marketing. Queixam-se das poucas oportunidades de emprego para os recém-licenciados e dizem que devia haver mais apoios ao empreendedorismo jovem.

Edgar Correia, 25 anos, nasceu em Vila Franca de Xira. Ricardo Pestana, 24 anos, é natural de Loures e foi viver para Samora Correia aos seis anos, quando os pais se mudaram para lá por ser mais seguro. “Agora, quando vou a Lisboa acho tudo caótico, mas Samora também é muito morto e é para mudar isso que temos de ser dinâmicos e fazer qualquer coisa que ainda não esteja a ser feita”, diz Ricardo.
Nenhum dos dois tem ainda emprego fixo. Trabalham como freelancers nas áreas do design gráfico e marketing e são pagos à peça, o que não lhes dá grande estabilidade. “Não há oportunidades para os jovens arranjarem trabalho em Samora. Devíamos ter um ‘hub’ criativo (espaço onde pessoas se juntam para trocar ideias num ambiente de trabalho mais informal) e ainda não temos, mas é uma ideia em que a autarquia podia apostar”.
Edgar concorda que a mudança no emprego jovem passa obrigatoriamente pela autarquia: “Neste momento os sítios onde os jovens ainda conseguem encontrar emprego cá em Samora é nos supermercados, nos restaurantes ou na Silvex. Mesmo o parque industrial que temos está um pouco ao abandono. Devem ser dadas oportunidades e garantias às empresas para que elas se queiram fixar ali em vez de irem para fora”. Ricardo vai mais longe: “Talvez só um em mil licenciados jovens consiga arranjar trabalho na sua área em Samora. É preciso dar mais apoios aos jovens empreendedores e às pequenas e médias empresas do concelho”.

Não se erra: ganha-se experiência
Edgar começou na área de Ciências e Tecnologias no ensino secundário e percebeu ao fim de um ano que preferia Línguas e Humanidades. Ricardo ainda tem o 12º ano por acabar, por ter deixado Matemática para trás e ter de começar a trabalhar. “Os meus pais divorciaram-se, fiquei com a minha mãe e a minha irmã, que tem 10 anos. A minha mãe estava naquela idade em que era demasiado velha para encontrar trabalho e demasiado nova para se reformar, e eu tive de começar a ajudar em casa”.
Começou na Sociedade Filarmónica União Samorense (SFUS) como professor de música e professor das Actividades Extra Curriculares, passou por vários supermercados e acabou por voltar à SFUS. “Ter estas experiências todas foi bom porque aprendi a vender tudo: carne, peixe, fruta, tudo. Também foi bom pelo contacto que tive com centenas de pessoas. Para quem era introvertido e não falava muito foi excelente. Agora estou mais à-vontade a tentar fazer seja o que for”.
Em 2010, Edgar também esteve num supermercado durante os meses de Verão. “Aprendi a fazer um bocadinho de tudo porque éramos menos pessoas e tínhamos de ser polivalentes”. Além do supermercado dedicou-se a alguns projectos pessoais na área da comunicação. Aos 13 anos fundou uma rádio online, a ControlFM, que acabou ao fim de dois anos. Edgar seguiu para a Rádio Marinhais onde fez outros três meses de estágio, ao mesmo tempo que continuava no ensino secundário.
“Fazia as manhãs e também dava uma ajuda na parte da tarde. Gostei muito. O facto de poder comunicar e ter pessoas a ouvir e a pedirem-me músicas, a ligarem só para falarem comigo e a irem à rádio para conhecer a pessoa por trás da voz foi muito gratificante”. Mais tarde fundou o blogue “Notícias de Benavente”, mas teve de o abandonar por falta de tempo livre.

Responsáveis pela comunicação da SFUS

Edgar foi o primeiro dos dois a entrar para a SFUS. “Nem sequer era sócio, nunca tinha participado em nenhuma actividade, mas em 2016 fui abordado pelo vice-presidente da SFUS, Francisco Cordeiro, que me convidou para integrar a lista da direcção”. Edgar pensa que foi o seu envolvimento noutras colectividades de Samora - é presidente da Associação de Jovens e secretário da Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora (ARCAS) - que levou Francisco Cordeiro a convidá-lo. “Às vezes é complicado gerir tudo, mas quando se quer dá-se um jeito”, afirma.
Ricardo entrou para a direcção da SFUS, onde hoje é secretário, a convite de Edgar, que já o conhecia. “A SFUS tem muitas secções e é difícil uma pessoa só gerir toda a comunicação e assessoria, como eu fazia”, confessa Edgar. Juntos, fundaram em Abril o Gabinete de Comunicação e os Génios do Marketing. “Virei-me para o Edgar e perguntei: se estamos a tratar da comunicação da SFUS, por que é que não tratamos da de outras casas e empresas? Utilizamos a SFUS como caso de estudo, vemos o que fazemos bem aqui e aplicaremos de futuro a outros clientes. O bom é que enquanto estamos só com a SFUS podemos aprender com os nossos erros, num ambiente em que nos podemos dar ao luxo de errar”.
Ricardo também defende que “a comunicação é um icebergue: o que está à superfície é um post no Facebook e o que está por baixo são horas e horas de trabalho, muito difíceis de gerir às vezes”. Acredita que a comunicação interna da SFUS ainda tem de melhorar para que a comunicação externa, com os sócios, também se possa tornar mais fácil, e pensa que seria bom para a SFUS trabalhar mais em parceria com outras associações do concelho.

“Poucos jovens licenciados conseguem trabalho na sua área”

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