Produtores e comerciantes da Feira de Santa Iria não querem mudança de local
Vendedores dizem não à intenção da Câmara de Tomar que pretendia alterar a localização já próximo ano.
Os produtores e comerciantes que assentaram arraiais na feira de Santa Iria, em Tomar, inaugurada na tarde de sexta-feira, 13 de Outubro, na Várzea Grande, junto ao tribunal da cidade, dizem não à intenção anunciada pelo executivo da Câmara de Tomar de mudar a feira para outro local da cidade.
Na cerimónia de inauguração, que decorreu na entrada do Convento de São Francisco, o vereador com o pelouro das feiras e mercados, Bruno Graça, disse “que o executivo vai pensar num lugar para instalar a feira, com melhores condições e capacidade para oferecer outra projecção aos produtos que se produzem na região”. Também o vereador Hugo Cristóvão (PS) referiu que “provavelmente é capaz de ser a última vez que a Feira de Santa Iria se faz neste lugar”.
A presidente da autarquia, Anabela Freitas (PS), chegou atrasada à cerimónia por ter estado a receber uma delegação da cidade de Varennes, geminada com Tomar, tendo inaugurado a feira com produtores e comerciantes ainda a instalar-se.
Maria da Soledade Miguel é da Fonte da Lontra, Tomar, tem 74 anos e há 20 anos que vende na Feira de Santa Iria os frutos secos que produz. Diz que se a feira mudar de lugar vai ser muito negativo para as vendas. Considera que o actual local é muito bom para vender e lembra que o ano passado a câmara promoveu excursões para as pessoas poderem visitar a feira e comprar os produtos locais e regionais.
Maria Manuela, de Porto Mendo, também é contra a mudança da feira para outro lugar e refere que para as terras evoluírem é preciso apostar na comercialização dos produtos locais. “Estar sempre a mudar o sítio dos certames não é muito positivo, porque as pessoas já estão habituadas a vir à feira na Várzea Grande”, diz Maria Manuela, que apela ao próximo executivo tomarense para falar com os feirantes antes de tomar uma decisão.
Elisabete Ramos, de 42 anos , vem da Sertã há 23 anos para vender as suas castanhas, nozes, amêndoas e avelãs. Garante que se a feira mudar de sítio vai ser “uma machadada nas vendas”. Elisabete gasta todos os anos em mão de obra para apanhar as castanhas cerca de quatro mil euros, uma verba que recupera com as vendas e que lhe dá bom lucro. “Este ano deve ser ainda melhor, porque as castanhas estão muito sãs e doces, o que agrada aos compradores”.
José Gandara e Eulália Gandara são casados há 53 anos e há 40 que fazem a Feira de Santa Iria, antes conhecida como feira das passas. Vivem na Madalena, em Tomar, e sublinham que a vinda à feira é uma boa forma de vender os produtos das suas terras, “todos tratados manualmente e com muito carinho”. O produto das vendas, garantem, é animador para continuar com o labor da terra. Não gostariam que a feira mudasse para outro lugar, porque “as pessoas já estão habituadas a vir à Várzea”, e pedem ao executivo da Câmara de Tomar para pensar bem sobre o assunto sugerindo que se poderia dotar “este lugar com melhores condições, sem precisar de mudar a feira”.
O ponto alto da feira de Santa Iria é na sexta-feira, 20 de Outubro, com a missa na igreja de São João Baptista, que tem início às 10h00, seguindo-se a tradicional procissão que celebra o dia de Santa Iria.