Investigações a carros incendiados em Vialonga não deram em nada
Proprietários não chegaram a receber um cêntimo dos prejuízos que tiveram
Os autores dos actos de vandalismo que, em 2015, levaram à destruição de nove automóveis em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, escaparam às autoridades e a maioria dos proprietários não chegou a receber um cêntimo pelos prejuízos que sofreu.
O caso foi arquivado pela polícia, depois de dois anos de uma investigação que não deu em nada, soube O MIRANTE junto de fonte policial. Oito dos nove proprietários acabaram por ter de arcar com as despesas porque apenas tinham seguro contra terceiros que não cobria actos de vandalismo. A maioria dos automóveis ficou totalmente consumida pelas chamas. Apenas num dos casos o dono do automóvel tinha seguro contra todos os riscos e, por isso, conseguiu que a seguradora suportasse o prejuízo.
“Era o que já estávamos à espera, que isto não ia dar em nada. Penso que a maioria já se estava a preparar para ter de pagar do seu bolso um carro novo. Quem se entreteve a fazer isto parou de repente e quem se lixou fomos nós. Só esperamos é que seja algo que não volte a acontecer”, conta Rogério Mendes, proprietário de um dos automóveis. “Só ultimamente é que comecei a dormir descansado porque nos primeiros meses acordava imensas vezes de noite a pensar naquilo”, recorda. O seu carro tinha-lhe custado perto de 15 mil euros e ficou irrecuperável. “Acabei por comprar um carro mais velho para ir desenrascando mas a revolta é grande”, lamenta.
Em Fevereiro do ano passado O MIRANTE
já havia dado conta do ponto de situação face a este problema, com vários moradores já na altura a perder a esperança, como Paulo Chapita, que lamentava nunca ter havido qualquer apoio psicológico ou financeiro a quem foi vítima dos actos de vandalismo.
Paulo viu o seu Fiat Punto ser totalmente consumido pelas chamas. Dos nove carros incendiados em Vialonga um foi nas proximidades da unidade de intervenção da Guarda Nacional Republicana mas ninguém deu por nada. Outros foram junto à creche da vila e na rua onde funcionava o antigo posto médico. Os prejuízos foram de largos milhares de euros. Todos os incêndios começaram entre as 4h00 e as 5h00 da madrugada. Suspeita-se que tenham sido usados engenhos pirotécnicos para deflagrar as chamas junto às rodas traseiras dos automóveis, o que depois levou a um alastrar do fogo ao resto do veículo e, em alguns casos, aos automóveis estacionados próximos, causando ainda danos em habitações.
O presidente da junta, José António Gomes (CDU), já tinha admitido ver o caso “com muita preocupação”, considerando-o “uma brincadeira de mau-gosto”.