Penhora ameaça futuro de associação de apoio a deficientes em Vialonga
Credores do construtor das actuais instalações reclamam perto de 800 mil euros. Associação Projecto Jovem está a atravessar um momento difícil na sua história. Colectividade dá apoio a 38 jovens com deficiência nas suas instalações da Quinta da Maranhota.
A Associação Projecto Jovem de Vialonga (APJ), que apoia 38 jovens e adultos com deficiência e outra meia centena de pessoas na sua cantina social, tem o seu futuro em risco depois de, este Verão, ter visto a sua conta bancária penhorada para liquidar dívidas antigas referentes à construção das suas instalações, na Quinta da Maranhota.
Em causa está, alegadamente, uma dívida com mais de uma década e meia que é reclamada pelos credores do construtor do edifício. Dívida assumida parcialmente pela anterior direcção da instituição através da assinatura de letras mas nunca reconhecida pela actual direcção, liderada por Maria Goretty Ribeiro.
O construtor alegava trabalhos a mais que foram necessários para a obra ficar concluída e agora que a firma entrou em insolvência os credores da empresa reclamam o seu pagamento. A actual direcção recusa pagar por entender que não houve autorização para esses trabalhos serem realizados.
Inicialmente estariam em dívida perto de 500 mil euros mas com os juros de mora e encargos o valor já ronda os 800 mil. Este Verão a conta bancária da APJ foi penhorada até que seja pago o valor em dívida, situação que coloca em risco o funcionamento da instituição e hipoteca o seu futuro.
“Desde que tomei posse tem sido uma luta para provar que não há dívida nenhuma. Quando se faz um edifício desta envergadura e se entrega um livro de obra terminado, onde não há actas de assembleia ou de direcção onde se fale dessa dívida e ela aparece, alguma coisa não está bem. Mandei fazer uma auditoria e ela concluiu que há dinheiro mal explicado derivado da construção deste edifício. O construtor alegava trabalhos a mais mas ninguém o autorizou a fazê-los. Não há actas nenhumas referentes a esse período”, lamenta a presidente da direcção.
O edifício foi construído num terreno municipal, cedido para o efeito em 2001, para acolher com maior qualidade os utentes, e o seu financiamento global – de cerca de 700 mil euros – proveio da administração central. Após a conclusão da obra, a abertura foi sendo protelada por falta de meios financeiros e só sete anos depois, em 2006, o edifício viria a ser ocupado pelos jovens da instituição.
“Esta situação está a colocar em risco o funcionamento da instituição. Se as coisas não correrem bem estamos a falar de 38 famílias que terão de encontrar forma de cuidar dos seus filhos, mais as 14 famílias dos funcionários que aqui trabalham e as 53 famílias que aqui vêm comer na cantina. Estamos a falar de muitas pessoas que ficam em risco por uma penhora falsa”, critica a presidente da direcção.
“A APJ não vai fechar, só por cima do meu cadáver”
Maria Goretty Ribeiro fala de “uma das maiores injustiças” que já viveu e garante que se acorrentará ao edifício se este tiver de fechar. “Nunca mais me esquecerei quando o Pedro Abrunhosa se prendeu ao Rivoli quando o espaço era para ser vendido a uma entidade religiosa. Garanto que me prendo aqui com os miúdos todos. Vamos parar o trânsito na rotunda no mercado abastecedor de Lisboa se necessário. Esta luta não está vencida nem perdida e a APJ não vai fechar, só por cima do meu cadáver”, afiança.
O MIRANTE procurou falar com a empresa construtora mas tal não foi possível até à data de fecho desta edição.