Agricultores têm que se preparar para a globalização e apostar em novas culturas
Luiz Vasconcelos e Souza defendeu, durante o 30º aniversário da Agromais, que os produtores têm que estar abertos a novos investimentos, com maior escala e virados para o estrangeiro. Deu como exemplo a produção de noz.
“A globalização vai chegar à agricultura nos próximos anos e os agricultores têm que estar preparados para dar o salto de interacção e convívio com outros sectores”. A convicção é do presidente da Agromais, Luiz Vasconcelos e Souza, que partilhou a sua opinião durante o encontro que assinalou o 30º aniversário da Agromais – Entreposto Comercial Agrícola – na sexta-feira, 10 de Novembro. O encontro, na sede da Agromais, na Golegã, antecedeu o tradicional almoço para todos os associados da Agromais, que decorreu na Quinta Guadalupe, e contou com a presença de mais de uma centena de participantes.
Vasconcelos e Souza considera que o agricultor que não tem uma visão global, nem do negócio nem do mundo, não vai conseguir manter o seu próprio negócio. O dirigente refere que há que apostar em novos investimentos, com maior escala, que sejam rentáveis e virados para o estrangeiro.
“Portugal não será um mercado suficientemente importante no futuro que se justifique centrar-se apenas nele. Por isso é que estamos a apostar no projecto das nozes. Queremos produzir mil hectares de nozes o mais depressa possível e é um projecto que vai em frente mas temos que arranjar um braço financeiro porque os agricultores não conseguem produzir tanta quantidade sozinhos. E para termos escala temos que chegar aos mil hectares”, justificou.
O presidente da Agromais afirma que o futuro da agricultura em Portugal é risonho e que evoluiu muito nas últimas três décadas. Vasconcelos e Souza diz que o sector agrícola, para andar depressa, tem que meter pessoas e agentes de outros sectores e trabalharem em conjunto.
“Os agricultores que continuem a ser apenas agricultores, com ideias próprias e pensar apenas no seu negócio, já não vão conseguir aguentar as passadas do mundo. Vão ter que ser injectados com sangue de fora para poderem aguentar este novo mundo, porque se assim não for não duram mais 30 anos, de certeza absoluta”, sublinhou.
Restolho já doou mais de 86 toneladas de produtos hortícolas
O projecto Restolho, lançado pela Agromais e Agrotejo em 2013, em conjunto com a Federação dos Bancos Alimentares, já doou mais de 86 toneladas de produtos hortícolas. Esta iniciativa consiste em apanhar os restos das colheitas para ajudar quem mais precisa. A responsável do projecto Restolho, Alexandra Fernandes, explicou que ao longo dos cinco anos de actividade já se realizaram 70 acções em campo e 30 acções em salas de aula, contando com mais de 3500 voluntários.
Ao longo dos anos foram sendo introduzidas novidades. Em 2014 foi criado um site – www.restolho.org – onde está explicado todo o projecto. Em 2015 começaram a atribuir o Prémio Produtor Solidário e em 2016 a cantora portuguesa Mafalda Veiga tornou-se madrinha do projecto.
Para o próximo ano, o objectivo é fomentar a parceria com as escolas; estender a acção a outras regiões do país; difundir o projecto a outros beneficiários e obter ajuda financeira para continuar a desenvolver o projecto. Também vai ser criado o “Prémio Inovação” que visa distinguir voluntários que se destaquem.
Agromais com investimento superior a 16 milhões de euros em 30 anos
A Agromais investiu mais de 16 milhões de euros em diversos projectos nos 30 anos de actividade, sendo que tiveram uma taxa de comparticipação de fundos comunitários de 50 por cento. O director geral da Agromais, Jorge Neves, explicou que tem sido política constante do entreposto comercial agrícola apostar e investir no aumento de capacidade e modernização das suas instalações. Nas últimas três décadas a Agromais colocou mais de dois milhões de toneladas de milho no mercado nacional. “Continuamos a ter um grande peso na produção de milho em Portugal, ou seja, mais de 30% daquilo que é o universo das organizações produtoras de milho”, referiu.
Desde 1992 que já forneceram quase 266 mil toneladas de batata para indústria e desde 1994 já produziram mais de 715 mil toneladas de tomate para o mercado nacional e espanhol. O projecto da cebola, que iniciaram em 2002, resultou numa produção de quase 83 mil toneladas de cebola no mercado, sendo, actualmente, o maior operador de cebola no mercado nacional.