“A luta pela defesa das questões ambientais não é inglória”
Manuela Sousa, 49 anos, administradora da EcoSapiens, Alverca do Ribatejo
É em Alverca, cidade onde cresceu e vive, que Manuela Sousa dirige a EcoSapiens, uma empresa de consultoria especializada em educação ambiental e valorização dos recursos locais. Diz que Alverca é uma boa cidade para viver e não se vê a montar a empresa noutro lugar. Lamenta que o trabalho de educação ambiental no concelho seja pouco sistemático e diz que a gestão correcta da água vai ser o próximo grande desafio. Caminhar e ler são alguns dos seus prazeres.
Sensibilizar para as questões do ambiente é hoje em dia mais importante do que nunca. O ambiente está na ordem do dia mas sensibilizar parece não ser ainda uma prioridade, apesar das evidências. Em Alverca preocupa-me a qualidade da água, a recolha dos resíduos e a limpeza urbana.
Nasci em Lisboa mas vivo em Alverca desde pequena. Passei por outros pontos do país mas desde que fundei a empresa, há 15 anos, que optei por me fixar aqui. Aqui temos qualidade de vida. A cidade tem tudo e não precisamos de sair daqui para fazer a nossa vida.
A EcoSapiens foca-se na informação, mobilização e sensibilização de diferentes públicos, especialmente as comunidades educativas, para as questões ambientais. Os nossos principais clientes são câmaras, associações de defesa do ambiente e associações de desenvolvimento regional. São quem tem uma fatia muito importante da responsabilidade social de sensibilizar para as temáticas do ambiente.
Tenho trabalho de norte a sul do país mas actualmente trabalho mais na zona alentejana. Um dos trabalhos que estamos a dinamizar neste momento é relativo ao parque natural do Vale do Guadiana. É sobre o processo de integração do lince ibérico.
As pessoas ainda não têm muito presente questões como a preservação da água. E isto acontece numa altura em que estamos a sofrer situações de seca cada vez maiores. A água é um tema crucial. Vai ser o novo ouro dentro de pouco tempo e nós não estamos muito alerta para esse problema. As pessoas têm de perceber que é um recurso cada vez mais escasso. As autarquias, melhor que ninguém, têm de desenvolver esse trabalho de sensibilização.
O concelho de Vila Franca de Xira tem situações ambientais que carecem de alertas. Somos um concelho urbano e isso não pode ser descurado. Vila Franca tem trabalhado algumas questões em articulação com a Valorsul, como a separação selectiva de resíduos. Mas o trabalho que fazem é pouco sistemático.
A educação ambiental é um trabalho que tem que ser feito de forma continuada. As pessoas esquecem a mensagem muito rapidamente. No concelho já foi feito um investimento maior noutros anos no que a essa matéria diz respeito. Em qualquer trabalho é preciso perseverança, dinamismo e capacidade de trabalhar em equipa.
A luta pela defesa do ambiente não é inglória. Estamos a lutar contra o tempo e temos de o fazer muito rapidamente senão esta luta será ainda mais intensa e preocupante. Há matérias em que já devíamos estar noutro patamar de actuação. Mas sou uma pessoa optimista, acredito que à medida que formos sentindo os impactos das nossas opções vão surgindo novas soluções.
Ainda consigo ter tempos livres para desligar do trabalho e caminhar é uma das coisas que mais me agrada. Também gosto de ler, sobretudo na área do desenvolvimento pessoal, apaixona-me. Também não dispenso estar com a minha família e o meu filho.