Deixou o Banco de Portugal para se dedicar ao artesanato
Américo Rodrigues saiu de Lisboa e montou a sua oficina em Almoster, no concelho de Santarém, onde produz figuras para presépios, entre outras criações.
Depois de 46 anos a viver em Lisboa, Américo Rodrigues decidiu trocar o bulício da capital pela tranquilidade do campo e assentou arraiais na freguesia de Almoster, concelho de Santarém, onde se dedica ao artesanato em barro. Das suas mãos saem múltiplas figuras ornamentais, para presépios e não só, que exibe e põe à venda em várias feiras e outros eventos, como o Festival Nacional de Gastronomia de Santarém. As miniaturas de Santo António, de campinos ou de ceifeiras chamam a atenção pelas cores e pelas formas.
Américo Rodrigues, de 62 anos, formado em Gestão de Empresas e ex-funcionário do Banco de Portugal, veio para o Ribatejo há cerca de 17 anos. Decidiu deixar a capital porque lá era difícil, em termos logísticos, dedicar-se ao artesanato. Vivia no Largo do Rato e essa localização dificultava em muito a sua actividade. “O barro é pesado, comprava 600 a 700 quilos de cada vez, e nunca tinha sítio onde estacionar o carro para o descarregar”, explica.
A vida em Almoster revelou-se mais serena e o seu negócio ganhou muito com a mudança de localização, dispondo agora de todo o espaço que necessita para que este possa crescer. “Quando pensei em sair de Lisboa, peguei num compasso e marquei 40 quilómetros à volta de Lisboa, mas acabei por ficar a 52 quilómetros de Lisboa”, conta.
Aprendeu a arte no liceu
A sua paixão pelo artesanato começou quando andava no liceu, onde havia um departamento de cerâmica. Um dia o professor responsável por esse departamento, que era escultor, perguntou aos alunos quem queria ir para lá e participar num atelier, para que se pudesse dar alguma utilidade à sala. Américo orgulha-se de dizer que foi o único voluntário. Frequentou aquele atelier durante dois anos e ali adquiriu conhecimentos básicos da arte.
O bichinho ficou e após vários anos a trabalhar no Banco de Portugal, para onde entrara na década de 80 através de concurso público, deixou a carreira profissional para se dedicar à arte que escolheu para fazer vida. “Era um futuro que considerava garantido e como tinha o curso de Gestão de Empresas acreditava ser capaz de gerir a minha própria empresa de cerâmica”, relata.