Morte de Belmiro de Azevedo encarada com indiferença por alguns empregados
Trabalhadores dos Continente no concelho de Vila Franca de Xira não deram grande importância à notícia.
A morte do fundador e maior accionista da Sonae, Belmiro de Azevedo, responsável pela rede de hipermercados Continente, foi a notícia do dia na imprensa nacional mas para quem trabalha nesses estabelecimentos do concelho de Vila Franca de Xira o assunto foi pouco ou nada falado. O MIRANTE
visitou três lojas Continente do concelho, duas em Alverca e um em Vila Franca de Xira e percebeu que a morte do fundador não foi grande tema de conversa. A maioria dos trabalhadores pediu para não ser identificado com medo que isso prejudique o seu emprego. Mas nem por isso deixaram de dizer o que lhes ia na alma sobre a morte do homem que criou essa e outras marcas nacionais.
No Continente Bom Dia de Alverca, local onde um sindicato alertou na semana passada para o facto dos trabalhadores das caixas estarem a ser, alegadamente, proibidos de se sentarem, o sentimento perante a morte do empresário foi de indiferença.
“Foi um homem importante para o país, talvez, mas aqui não sentimos isso. É pena que ele não tivesse podido vir a alguns supermercados ver ao vivo como as coisas são feitas e como são tratados os seus trabalhadores”, criticou uma das funcionárias. No que toca à gestão deste Continente, ela é assegurada localmente, ao invés dos restantes hipermercados do grupo, acrescenta a funcionária. “Ninguém quer saber do Belmiro, temos outros problemas maiores aqui e em todo o lado, ganhar mais, por exemplo”, confessa outro trabalhador.
Na caixa do Continente de Alverca, junto à Nacional 10, outro funcionário mostra-se indiferente. “Os empresários sem as pessoas não são nada, por isso não me interessa muito, nunca o conheci”, conta outro operador de caixa daquele supermercado. Comentários semelhantes foram ouvidos em Vila Franca de Xira, com apenas um trabalhador a reconhecer “o grande trabalho” do empresário e a sua importância nacional. “Acaba por ser graças a ele que muita gente tem trabalho e isso tem algum valor. Pena é que seja trabalho muitas vezes precário e mal pago”, lamenta.
Belmiro de Azevedo morreu no dia 29 de Novembro aos 79 anos, num hospital do Porto, devido a complicações respiratórias.
AIP lamenta falecimento de Belmiro de Azevedo
A Associação Industrial Portuguesa (AIP), presidida pelo ribatejano José Eduardo Carvalho, já lamentou “profundamente” o falecimento de Belmiro de Azevedo, o dono da Sonae, que detém a marca Continente. Endereçando os pêsames à família, a AIP diz que o empresário “foi a maior referência do empresariado português após o 25 de Abril”.
A AIP diz ainda enaltecer “o contributo que deu ao país e à economia nacional pela solidez e diversificação do grupo que criou”. “A qualidade de gestão, a cultura da exigência e da responsabilidade, a inovação, a visão empreendedora, o risco e a frontalidade foram o maior legado do Eng.º Belmiro de Azevedo ao tecido empresarial português”, acrescenta a AIP em comunicado.