Câmara de Santarém recupera igreja da Ribeira que ameaça ruína
Investimento de 823 mil euros na Igreja de Santa Iria vai ser comparticipado em 85% pela União Europeia. Município entra com o resto. É a forma de reabilitar um imóvel fechado há 20 anos, propriedade da Igreja Católica.
A Igreja de Santa Iria, na Ribeira de Santarém, encerrada desde 1997 devido a problemas estruturais, vai ser requalificada por iniciativa da Câmara Municipal de Santarém com recurso a fundos comunitários. A intervenção está orçada em 823 mil euros, sendo 85 por cento (%) desse montante financiado pela União Europeia. A autarquia garante os restantes 15%.
Para o efeito, o executivo camarário aprovou na última reunião, por unanimidade, a celebração de um protocolo com a Fábrica da Igreja Paroquial de Santa Iria da Ribeira de Santarém e com a Diocese de Santarém que define os termos em que vai decorrer a empreitada. Com esse acordo, autarquia passa a ficar responsável pelo imóvel.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), ressalvou que a verba disponível não vai garantir todos os trabalhos de reabilitação necessários no templo, que se encontra bastante degradado. O projecto de estabilização da estrutura da igreja, na zona mais próxima da linha ferroviária, vai ser actualizado e depois vai passar-se à fase do projecto de execução que vai definir os moldes da intervenção.
O autarca referiu ainda que além da Igreja de Santa Iria há outra igreja fechada na cidade devido a problemas estruturais, a de São João do Alporão, revelando que também essa tem fundos comunitários garantidos para a sua reabilitação.
A Igreja de Santa Iria, classificada como imóvel de interesse público desde 1978, é um templo de origem medieval que sofreu importantes intervenções nos séculos XVI e XVII. Nas suas imediações passa a movimentada linha ferroviária do Norte, que estará na origem das brechas que foram aparecendo em parte do templo, pondo em causa a sua estabilidade. A Fábrica da Igreja Paroquial de Santa Iria da Ribeira de Santarém é a proprietária do imóvel e não tem meios financeiros para proceder à sua recuperação.
Fendas, pombos mortos e talha dourada retirada
Em Janeiro de 2013, conforme noticiou O MIRANTE, a talha dourada dos cinco altares da igreja foi retirada devido ao risco de ruína do edifício. Do mesmo local foram retirados por precaução e para salvaguarda outros objectos de valor como castiçais, azulejos e o que restava do órgão da igreja, ao qual foram roubados os tubos. Nas paredes viam-se fendas enormes, com destaque para a fachada principal onde a portada estava sustentada por dois barrotes de madeira. E um dos altares também estava escorado por dois barrotes. Do chão da igreja foram retirados diversos pombos mortos e dezenas de quilos de dejectos.