Idoso que apanhou boleia com freiras desapareceu sem deixar rasto
Irmãs de São José de Cluny, de Torres Novas, deixaram Manuel Oliveira na Chancelaria
O idoso que apanhou boleia com umas freiras após ter alta do Hospital de Abrantes continuava desaparecido esta quarta-feira, à hora de fecho desta edição. Manuel Oliveira, de 83 anos, despareceu no dia 20 de Março após as freiras da Comunidade das Irmãs de São José de Cluny, em Torres Novas, o terem deixado junto aos semáforos de Chancelaria. A freira Maria Adelaide Oliveira, que transportou o idoso, encontra-se de férias em Braga, de onde é natural, e tem manifestado a sua preocupação com a situação.
O MIRANTE falou com a madre superior da comunidade, Adriana, que conta o que se passou. “A Irmã Adelaide estava no hospital de Abrantes a acompanhar outra Irmã, que até já faleceu, e viu que Manuel estava à espera de transporte para ir para casa. Disse-lhe que era de Torres Novas e que o podia levar. O idoso aceitou e quando chegaram à Chancelaria disse que ficava ali porque morava perto”.
Depois de ter saído da carrinha Manuel Oliveira quis gratificar Maria Adelaide com uma nota de cinco euros. A freira recusou e ainda viu Manuel Oliveira a andar no sentido de Torres Novas, facto que lhe pareceu estranho, por isso voltou a perguntar se queria que o levasse à porta de casa. Manuel respondeu que já estava perto, agradeceu a boleia e ficou em Chancelaria.“A Maria Adelaide percebeu que o idoso estava um pouco debilitado, mas perfeitamente consciente e seguro da intenção de chegar a casa, o que infelizmente não aconteceu”, salienta a irmã Adriana.
A irmã superiora Adriana adianta ainda que Maria Adelaide ficou muito incomodada com a notícia do desaparecimento do idoso e que de imediato ofereceu ajuda às autoridades para indicar o local preciso onde o tinha deixado. As autoridades recolheram o seu depoimento e avançaram para as buscas. O Major Pedro Reis da GNR confirmou a O MIRANTE que foram feitas buscas com cães em toda a zona de Chancelaria, onde o idoso terá ficado.
“As buscas foram feitas nos cinco dias depois do desaparecimento mas não foi encontrado o rasto de Manuel Oliveira”, confirmou o oficial da Guarda, acrescentando que foi dada ordem para que se intensificasse o patrulhamento em toda a região. O presidente da Junta de Chancelaria, Alfredo Antunes, confirmou a O MIRANTE que deu conta das buscas na sua freguesia e indagou junto da população sobre alguma pista, mas sem sucesso. “Ninguém viu o senhor e não apareceu em qualquer terreno próximo”, referiu.
Manuel Oliveira deu entrada na urgência do Hospital de Torres Novas no dia 19 de Março, acompanhado pelos bombeiros, visto que se sentiu mal e vivia sozinho na sua casa, em Bairro, concelho de Ourém. Depois de ser avaliado foi encaminhado para a urgência do Hospital de Abrantes para fazer exames. A filha refere que esteve sempre em contacto telefónico com o hospital para saber do estado de saúde do pai. O hospital informou-a de que Manuel teria de fazer vários exames e que não valia a pena deslocar-se a Abrantes sem que o hospital a informasse da alta do pai. Manuel Oliveira foi avaliado pelo médico e teve alta às 00h12 de dia 20, tendo decidido sair do hospital sem avisar a família.
Manuel Oliveira não tinha telemóvel, nem telefone em casa, e até agora a filha, que mora em Covão do Coelho, concelho de Alcanena, não teve qualquer informação sobre o paradeiro do pai.
Hospital propôs acolher doente durante a noite
Segundo o Centro Hospitalar do Médio Tejo foi proposto a Manuel Oliveira que ficasse no hospital essa noite, atendendo ao adiantado da hora, mas este recusou. Como se confirmou a disponibilidade das freiras para darem boleia ao doente o hospital não tinha motivo para o reter até porque este estava consciente. Depois da confirmação do desaparecimento de Manuel Oliveira, pela filha, Anabela Mecha, o hospital fez uma participação na Polícia de Segurança Pública de Abrantes, que encaminhou o assunto para a GNR, visto ser da sua área de intervenção a zona onde o idoso foi visto pela última vez. Anabela Mecha diz que “parece impossível uma pessoa como ele, que conhecia tão bem a zona, ter desaparecido sem ninguém ter visto nada”.