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“O verdadeiro machismo vê-se também nas praxes académicas”
Conferência decorreu no Convento do Carmo onde foram debatidos vários temas

“O verdadeiro machismo vê-se também nas praxes académicas”

Mulheres, paz e liberdade foi o tema para homenagear Maria Lamas em Torres Novas

Aborto, praxes académicas e violência contra as mulheres foram alguns dos temas reflectidos na conferência “Mulheres, Paz e Liberdade” que decorreu sexta-feira, 23 de Março, no Convento do Carmo, em Torres Novas. Uma sessão integrada na exposição de homenagem à jornalista, escritora, tradutora e editora, Maria Lamas, natural de Torres Novas, onde foi possível reflectir sobre o percurso dos movimentos feministas com Anne Cova, da Universidade Nova de Lisboa, e Manuela Tavares, da Universidade Aberta, e o exemplo de Maria Lamas com José Gabriel Bastos, da Universidade Nova de Lisboa.
Arlinda Domingos, uma das presentes na conferência, não tem dúvidas que existe machismo na sociedade portuguesa de tal forma que ainda se vê muitas mulheres a esconderem-se e a terem medo de denunciar quando são agredidas fisica e psicologicamente. “Ainda há muito para fazer em relação à igualdade de género”, defende. A mesma opinião é partilhada por Abílio Nunes, um dos presentes no evento. Para o bibliotecário é incompreensível que o número de casos de violência contra as mulheres seja cada vez maior.

O mal está em casa
“O maior e verdadeiro machismo vê-se também nas praxes académicas”, denuncia Arlinda Domingos. E o mal, diz, está em casa, já que as mulheres continuam a ser educadas para a lida da casa e os homens para estarem no sofá. O mesmo defende Abílio Nunes. Para o bibliotecário, é intolerável como ainda hoje se permita que se continue a humilhar as mulheres, numa altura em que, em várias instituições de ensino superior, elas já estão em maioria. “Trabalhei numa instituição de ensino superior durante alguns anos e cheguei a ver e a filmar diversas praxes muito violentas feitas às jovens. Hoje melhorou, mas elas continuam a sofrer”, acredita.
Mas os homens não continuam a dominar só nas praxes académicas. Quem o diz é Arlinda Domingos que acredita que, apesar da luta que muitas mulheres activistas tiveram pelas causas feministas, como foi o caso de Maria Lamas, ainda existem vários assuntos tabu que necessitam de ser falados. Um deles, diz, é o aborto. Para Arlinda Domingos, apesar de hoje estar despenalizado, acredita que o assunto continua a ser visto com maus olhos, colocando a mulher num papel de “assassina”. “A mulher continua a ser olhada de lado e o dedo ser-lhe-á sempre apontado e é por isso que se tem de continuar a lutar”, admite Abílio Nunes.

“O verdadeiro machismo vê-se também nas praxes académicas”

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