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Futurista Serafim das Neves

Peço humildemente desculpa, a ti e aos outros dois ou três leitores desta rubrica, por uma mentira que aqui semeei há umas semanas. Quando escrevi que a GNR tinha abatido a tiro as vacas bravas que andavam tresmalhadas no Penhascoso, Mação, a comer as hortas do povo, aldrabei à força toda. Foi por ignorância, é verdade, mas isso não me livra do castigo que me queiras aplicar.
Depois de ler o esclarecimento da Direcção-Geral de Veterinária sobre o assunto é que caí em mim e tomei consciência da minha avantajada ignorância. É verdade que as vacas levaram uns balázios, mas isso não significa que tenham sido abatidas, como explica quem sabe do assunto. Foram, isso sim, vítimas de uma “acção de despovoamento”. O abate, diz a douta Direcção, é usado para animais mortos num matadouro.
Resumindo e concluindo e recorrendo ao palavreado dos sábios posso anunciar que o Penhascoso foi despovoado de vacas bravas...a tiro. E mesmo quando escrevo “a tiro” não estou seguro de estar a dizer a verdade, verdadeirinha. É que, se calhar, a GNR, em vez de espingardas usou sofisticadas máquinas de despovoar, daquelas que os governos têm usado ao longo dos anos com humanos, despovoando a eito, não só o Penhascoso de Mação, como todos os Penhascosos do país.
Fiquei a saber que este ano, na Chamusca, em Quinta-Feira de Ascensão, houve duas apanhas autárquicas da espiga. Uma feita pela câmara municipal e outra pela junta de freguesia. Eu tenho que aplaudir estas iniciativas oficiais destinadas a não deixar morrer as melhores tradições de cada terra. Na apanha da espiga da câmara, segundo me disseram, os convidados nem sequer tinham que apanhar espigas, malmequeres e papoilas porque havia pessoal destacado para fazer raminhos que eram oferecidos aos convidados. Fiquei enternecido com tanto miminho.
Eu não apanho a espiga mas acho bem que se mantenha a tradição. Por isso não resisto a dar vivas ao presidente Paulo Queimado, da Chamusca, que parece ter mais jeito para apanhar bonés do que para apanhar papoilas. Um grande defensor das tradições, sim senhor!
O trabalho autárquico de gabarito não fica confinado à Chamusca. Há uns anos, para não deixar morrer as touradas, o então presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores, comprava a lotação total da praça aos preços de tabela e revendia os bilhetes ao povo a cinco euros. Por uma boa tradição, tudo se faz, mesmo vender bilhetes no mercado negro...com prejuízo!
No Entroncamento, o presidente da câmara também quer recuperar a tradição de ir para o trabalho de bicicleta. Ele não vai porque transpira muito mas não quer que o seu problema impeça o restante pessoal de pedalar. A tradição vai voltar em força e até já há ciclovias em todo o lado. E se os munícipes comodistas continuarem agarrados aos carros, há sempre a possibilidade de apenas permitir a circulação de biclas na cidade...em nome da tradição, claro!
É verdade que os antigos operários, nomeadamente os da CP, iam para o trabalho de bicicleta e que o seu maior sonho era passarem a ir de carro, que foi o que fizeram logo que começaram a ganhar melhor. Mas falando-lhes com jeitinho é possível reverter a situação, como dizem os partidos da geringonça. Afinal o carro é coisa burguesa e capitalista. Vê lá tu se a Geringonça não acabou logo com os Audi que eram sorteados nos concursos e-factura nos tempos do Coelho. Agora estamos melhor com o sorteio de certificados de aforro ou não estamos?!!! Estamos, claro que estamos!! Aqueles papéis podem valer cada vez menos mas sem audis, vê lá tu a poupança que se consegue em gasolina!
Saudações autarquicamente reversíveis
Manuel Serra d’Aire

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