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Agressão a médico fecha Extensão de Saúde de Vale de Cavalos
Extensão de Saúde de Vale de Cavalos encerrou após médico ter sido agredido

Agressão a médico fecha Extensão de Saúde de Vale de Cavalos

Clínico dava consultas pela segunda vez na localidade e foi esmurrado por recusar passar uma baixa. O recém-especialista que estava a dar consultas na Extensão de Saúde de Vale de Cavalos, concelho da Chamusca, está de baixa médica depois de ter sido agredido por um homem de 40 anos.

A extensão de saúde de Vale de Cavalos fechou após a agressão a um médico e a junta de freguesia está a transportar os utentes para o Centro de Saúde da Chamusca. O agressor, de 40 anos, residente na freguesia, não gostou que o médico recusasse renovar a baixa médica à esposa e desferiu murros no clínico. Esta era a segunda vez que o recém-especialista em medicina familiar estava a dar consultas na extensão e agora está de baixa, recusando-se a voltar à localidade.
O presidente da junta de freguesia, José Trindade, refere que vai decorrer uma reunião entre a coordenadora do Centro de Saúde da Chamusca, Alzira Pereira, a junta de freguesia, a câmara e o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Lezíria. Esta é a primeira vez desde que foram constituídos os agrupamentos que um médico é agredido na área da Lezíria do Tejo, segundo confirma o ACES da Lezíria, que reconhece existir cada vez mais atitudes agressivas contra profissionais de saúde. Para o agrupamento, os factos descritos consubstanciam-se num crime de natureza pública, tendo já sido apresentada queixa às autoridades.
O incidente ocorreu pelas 14h00 de quarta-feira, 16 de Maio. Na altura, só haviam cinco utentes nas instalações. O clínico, que pediu para não ser identificado pelo nome, diz que verificou não haver motivos para emitir a baixa à mulher do agressor. A utente saiu desagradada do consultório e, quando o médico estava ainda a escrever os dados no processo, o marido entrou no gabinete, agrediu-o com um murro na face esquerda e continuou a bater-lhe até aparecerem dois homens que agarraram o agressor.
Manuel Horta foi um dos utentes que estava naquele dia na Extensão de Saúde de Vale de Cavalos e ajudou a cessar as agressões. “Só fui ver o que se passava depois de ouvir o barulho de mesas e cadeiras a arrastar”, refere Manuel Horta. Foi quando, conta, “agarrei no homem juntamente com um outro trabalhador da junta de freguesia e familiar do agressor, e conseguimos separá-los”. Depois, o clínico contactou a GNR e trancou-se no consultório, até aparecer a patrulha da Guarda que o escoltou à sua viatura.
O agressor saiu do local com a mulher antes de chegarem as autoridades, tendo deixado as duas filhas no local, que ficaram ao cuidado de uma funcionária da junta de freguesia que estava em funções na extensão de saúde. Só mais tarde regressou ao local para recolher as raparigas. O médico, que tirou a especialidade recentemente, é do Porto e encontra-se em funções com contrato temporário na Unidade de Saúde Familiar da Chamusca há cerca de quatro anos.
Esta não é a primeira vez que há problemas nas extensões de saúde do concelho da Chamusca. A unidade do Chouto esteve várias semanas sem funcionar após uma médica que prestava serviço na localidade se ter recusado a trabalhar no local devido a ter sido insultada por alguns utentes. Na altura, conforme O MIRANTE noticiou, a 14 de Fevereiro deste ano, os utentes revoltaram-se e descarregaram na médica porque houve uma falha informática que estava a impedir a realização das consultas.

Peritos já avaliaram agressões
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), em declarações a O MIRANTE, diz “repudiar veementemente” a agressão do médico e informa que foram “imediatamente despoletadas as medidas adequadas à situação”. A ARSLVT informa que o médico foi sujeito a uma perícia no Gabinete Médico-Legal e que está a ser concluído um relatório para enviar ao Ministério Público, realçando que está a prestar “todo o apoio possível”.

Ordem dos Médicos indignada

A Ordem dos Médicos mostra-se indignada com a agressão ao médico da Extensão de Vale de Cavalos. O bastonário, Miguel Guimarães, considera este caso uma “indignidade terrível” e promete apoiar juridicamente este médico. “Espero que o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, se empenhe neste caso e que o tome como exemplo para o futuro. Se o Ministério da Saúde não o fizer, vamos avançar com o caso para tribunal”, disse Miguel Guimarães.
Sobre a ausência de seguranças em unidades de saúde, o bastonário considera que devia ser obrigatório a sua presença em qualquer unidade. Em relação ao facto de o médico de família ver doentes sem médico de família atribuído, o bastonário diz que será accionado o seguro por agressões no local de trabalho que a Ordem dos Médicos garante a todos os profissionais.

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