
Antigo hospital de Vila Franca de Xira vai ser transformado em campus de saúde
Projecto aguarda luz verde de banco para empréstimo de 5,5 milhões de euros. Edifício pertence à Santa Casa da Misericórdia e está ao abandono desde 2013. Assaltos têm sido uma constante nos últimos anos e não dão descanso aos moradores daquela zona da cidade.
O antigo Hospital Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, vai ser transformado num campus de saúde, com Unidade de Cuidados Continuados (UCC). O projecto é da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira e avança após outros projectos fracassados, que envolviam empresas privadas, para a construção de uma UCC.
O complexo de edifícios ficou ao abandono em 2013, após o encerramento do hospital na sequência da abertura do novo Hospital Vila Franca de Xira e encontra-se obsoleto. O investimento avaliado em 5,5 milhões de euros, aguarda luz verde por parte de um dos três bancos que integram o IFRRU 2020. Este instrumento financeiro, integrado no quadro comunitário de apoio Portugal 2020, concede empréstimos bancários em condições vantajosas para projectos de apoio à reabilitação urbana.
“O projecto arquitectónico foi totalmente financiado pela Santa Casa da Misericórdia e custou muito dinheiro. Quando percebemos que não iam existir apoios financeiros do Portugal 2020 decidimos tomar a decisão de arrancar fosse em que circunstância fosse”, adiantou a
O MIRANTE o provedor da Misericórdia de Vila Franca de Xira, Armando Jorge Carvalho.
O projecto, a ser deferido pela Administração Regional de Saúde Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), prevê a existência de 136 camas destinadas, entre outras, a pessoas com doença crónica, pessoas em fase de reabilitação e recuperação da funcionalidade e continuidade de cuidados após internamento hospitalar. A obra terá a duração de dois anos e, segundo Armando Jorge Carvalho, há forte possibilidade de arrancar já em 2019.
Para o provedor, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira terá uma “missão extremamente importante”, na “revitalização do espaço envolvente” e acredita que o campus de saúde poderá ser factor impulsionador para trazer mais vivacidade àquela zona da cidade, que se encontra envelhecida e pouco movimentada. A O MIRANTE a autarquia diz que está disponível para apoiar financeiramente o projecto.
Edifício alvo de assaltos e vandalismo
Desde 1975 que este património da Misericórdia de VFX estava a ser gerido pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e custava aos cofres do Estado 150 mil euros ao ano. O edifício regressa à gestão da Misericórdia quando o SNS estabelece uma parceria público privada (PPP) com o Grupo José de Mello Saúde.
Todo o espólio que não interessou ao grupo de saúde levar para o actual Hospital Vila Franca de Xira foi doado à Santa Casa da Misericórdia. Na opinião do provedor, uma situação que veio causar mais problemas à instituição, porque não os podia vender. Após o encerramento, quase no imediato, começou a haver assaltos e vandalismo frequente no edifício.
“Foi um monstro que nos entregaram e que ficou por resolver até agora. Foi-nos entregue com um espólio de cerca de 230 camas, 150 mesas-de-cabeceira, três fogões, 14 colchões, um aparelho de radiografias e outros materiais”, acrescenta o provedor.
Material hospitalar doado para a Guiné
No início do mês de Setembro foi assinado um protocolo entre a Misericórdia de VFX e a associação e Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) Corações com Coroa, para doação de material hospitalar, que visa equipar parte da maternidade do Hospital Nacional Simão Mendes, na Guiné Bissau.
O equipamento, que inclui mais de uma centena de camas, berços e mesa-de-cabeceira já foi retirado da propriedade, para em breve viajar em contentores para a Guiné.
Moradores da zona sentem-se inseguros
Moradores da zona do antigo hospital vivem há cinco anos alarmados com a situação, que já obrigou a Misericórdia da cidade a pedir um reforço do policiamento no local e a manter um segurança privado durante a noite. Medida que só durou seis meses, por ser um peso insustentável do ponto de vista financeiro. Armando Jorge Carvalho fala em “medida de gestão”, que se viu obrigado a tomar para poupar 2500 euros por mês à Misericórdia.
Carlos Manuel Silva, morador há 10 anos na rua João de Deus, considera a situação alarmante e receia que um dia os assaltantes e marginais invadam as habitações da zona. Maria Alice, de 86 anos, queixa-se do barulho durante a noite e das presenças constantes dentro do edifício, que a deixam alarmada.
Recorde-se que no passado mês de Agosto a Liga dos Amigos do Hospital de Vila Franca de Xira, que fica paredes meias com o antigo hospital, foi assaltada. Para entrarem no espaço, os assaltantes abriram à marretada um buraco na parede com cerca de 70 centímetros de diâmetro e levaram um computador, duas máquinas de café, aparelhagem de som e medalhas do espólio da liga, entre outros materiais em ferro fundido.
