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31 anos do jornal o Mirante
Entrou no culturismo para combater a anorexia e bulimia
Célia Araújo superou a anorexia e bulimia com o culturismo - foto DR

Entrou no culturismo para combater a anorexia e bulimia

Célia Araújo, de Santarém, alcançou o segundo lugar na Taça Carlos César Pimentel realizada na Maia. Aos 16 anos achava-se gorda e queria ter uma silhueta como as dos modelos. Reduziu a alimentação ao mínimo e chegou aos 38 quilos de peso. O corpo deu sinais de alarme e Célia mudou de vida. Inscreveu-se num ginásio e começou a trabalhar os músculos. Hoje sente-se lindamente na sua pele.

Célia Araújo foi a típica adolescente que aos 16 anos se achava gorda e começou a fazer tudo para ter um corpo elegante. Experimentou dietas, deixou de comer uma série de alimentos e começou a pesar-se todos os dias. Tudo em nome de um corpo digno de uma modelo. Achava que controlando o seu peso iria sentir-se melhor como pessoa e na escola.
Até que chegou ao seu limite: 38 quilos. Célia, hoje com 31 anos, parecia um autêntico esqueleto andante apesar de ela própria nunca o achar. As suas refeições eram unicamente compostas por litros e litros de água, uma maçã, um iogurte ou uma bolacha. Lá em casa a técnica era sempre a mesma à hora das refeições, até porque tanto a mãe como a irmã mais velha estavam a trabalhar e nunca estavam em casa nessa altura do dia.
“Normalmente ao almoço, como estava sozinha em casa, costumava sujar os pratos para depois pensarem que tinha comido. Quando os meus amigos me convidavam para almoçar fora recusava sempre”, diz recordando o dia em que a irmã, então sua encarregada de educação, foi chamada à escola.
“Na altura frequentava o 10º ano de escolaridade e, quando participei num desfile, organizado pela turma, tive de mudar de roupa em frente aos meus colegas e professores. Foi aí que notaram que estava magra demais”, conta a jovem residente em Santarém. Mas o pior veio um ano depois. Célia teve uma bradicardia (batimento muito lento do coração) e foi encaminhada para o centro de saúde local.
Foi quando lhe diagnosticaram anorexia nervosa e começou a ser seguida pela médica de família e por uma psicóloga. “Como tinha os valores todos em baixo, a médica receitou uns multivitamínicos para tomar e para abrir o apetite para comer”, adianta Célia, admitindo que, depois da anorexia, veio a bulimia. Começou a sentir peso na consciência cada vez que comia e vomitava tudo de seguida. “Foi um período muito complicado na minha vida porque não falava com ninguém e estava metida no quarto”, revela a jovem, confessando que o seu marido, Simão Lázaro, foi o ‘anjo’ que a fez mudar de vida.
Inscreveu-se num ginásio, começou a praticar culturismo e a seguir um exigente plano alimentar. “Foi do 8 para o 80. De um momento para o outro, de quase nada passei a comer de três em três horas e a fazer sete refeições diárias”, diz a atleta, admitindo que hoje já lhe faz impressão não fazer uma refeição de faca e garfo.

A vida dura de um culturista
Actualmente, já com alguns prémios alcançados, como o segundo lugar na Taça Carlos César Pimentel (Miss Bikini Fitness), que decorreu nos dias 6 e 7 de Outubro, durante a PowerExpo Portugal, na Maia, Célia admite que participar em provas de culturismo não é para todos. Não só é desgastante, porque os atletas seguem um conjunto de restrições antes das provas, mas também porque se gasta bastante em suplementos alimentares e acompanhamento psicológico, para controlar o cansaço.
As preparações começam logo três meses antes das provas. Começa-se a treinar cerca de quatro horas diárias. Depois a ingerir seis litros de água por dia e a retirar gradualmente do plano alimentar os açúcares, a fruta, os hidratos de carbono e as gorduras. A última semana é considerada a mais dolorosa. No caso de Célia Araújo, só comia pescada com bróculos, além de continuar a tomar as vitaminas que são prescritas para atletas de alta competição. Dois dias antes da competição reduzem a água e 24 horas antes deixam de beber. É uma fase complicada que, com empenho, se consegue superar. E no final, vale a pena olhar ao espelho e constatar que se conseguiu o objectivo de ter o corpo esbelto e bem definido. Ser culturista não é mesmo para qualquer um.

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